Em Corinto, Paulo escreveu aos tessalonicenses para tranqüilizá-los a respeito da vinda definitiva do Senhor e da ressurreição dos mortos. Esperavam que o Senhor fosse chegar enquanto estivessem vivos e preocupavam-se com os que já tinham morrido. A questão não era a ressurreição em si mesma, mas, se os vivos seriam arrebatados para o céu, o que aconteceria com os mortos? Paulo escreveu com muita clareza dando-lhes os esclarecimentos necessários e exortando-os a permanecerem firmes na fé.
Novas notícias chegaram até Paulo em Corinto, ainda provenientes de Tessalônica. Parece que a carta enviada não esclareceu tudo. Os biblistas discutem se a carta canônia Segunda aos Tessalonicenses foi mesmo escrita por Paulo ou por outro discípulo. É bem possível que tenha sido escrita por Paulo. Ele vai tentar esclarecer mais uma vez a questão da parusia, ou da vinda do Senhor, e resolver alguns problemas práticos que surgiram em conseqüência da espera imediata da parusia.
Paulo toma sua pena e um pergaminho e escreve mais uma vez sobre a vinda do Senhor. O início da carta é o costumeiro. Há um endereço, quem escreve e escreve para quem; há uma ação de graças e uma oração, que abrangem o capítulo primeiro. Aparece então o tema da vinda do Senhor e ainda a cão de graças que continua em 2,13-17. O tema da vinda do Senhor aparece inserido na ação de graças e é um tanto quanto estranho. Paulo já tinha tratado do tema, com muita clareza, na carta anterior (1Ts 5,1-11). Agora volta ao assunto, mas de uma forma tão complicada que parece não estar esclarecendo nada. Como esta passagem está inserida na grande ação de graças, é possível perguntar se tal explicação é mesmo de Paulo ou de outra mão. O próprio Santo Agostinho teve dificuldade na interpretação de 2Ts 2,1-12.
Num quadro de cores apocalípticas, lemos que o Dia do Senhor ainda vai demorar. Antes deve vir a apostasia, o homem ímpio, o filho da perdição, o adversário. O ímpio se levantará contra Deus e irá sentar-se no Templo, porque quer passar por Deus. Ele vai aparecer quando for a sua hora. O mistério da impiedade já está agindo, mas o ímpio aparecerá quando for afastado aquele que o retém. O ímpio virá no meio de muitos falsos prodígios e seduções da injustiça. Os que se perdem são os que não têm o amor da verdade, acreditam na mentira, consentem na injustiça. Mas, quando o Senhor vier, o sopro de sua boca destruirá o ímpio. Sem dúvida, essa explicação é mais complicada do que a que se encontra na carta anterior.
Importante, porém, é a exortação ao trabalho. Se a vinda do Senhor está prevista para amanhã ou para a semana que vem, para que trabalhar? Vamos para a praça, cruzamos os braços e esperamos. Alguns tessalonicenses estavam procedendo dessa maneira. Mas, o que fazer enquanto o Senhor não vem? O que faz o cristão entre a ascensão do Senhor e sua vinda definitiva. A resposta de Paulo é simples: trabalha. As frases da carta são fortes e incisivas: “Não recebemos de graça o pão que comemos”; “no esforço e na fadiga, de noite e de dia, trabalhamos para não sermos pesados a ninguém”; “quem não quer trabalhar, também não há de comer”; “alguns de vocês levam vida à-toa, muito atarefados em nada fazer”; “trabalhem na tranqüilidade, para ganhar o pão com o próprio esforço”; “não se cansem de fazer o bem” (cf. 2Ts 3,6-15). Em resumo, enquanto o Senhor não vem, fazemos o bem.
Muito interessante também é a exortação em 2,13: “Fiquem firmes, guardem as tradições que ensinamos a vocês oralmente ou por escrito”. Esta passagem nos diz que a revelação de Deus é transmitida (tradição) a nós pela palavra falada e pela palavra escrita. Merece também destaque a afirmação de que as perseguições, as tribulações, os sofrimentos tornaram os tessalonicenses dignos do Reino de Deus. O cristão não causa sofrimentos, ele sofre para que o Reino venha.