Dom Manoel Delson
Arcebispo Metropolitano da Paraíba (PB)
Seguindo o ritmo litúrgico do Advento, tempo de preparação para o Natal do Senhor, tempo de se ocupar no cuidado dos irmãos, como nos pede o Papa Francisco – “A pessoa atenta, mesmo em meio ao barulho do mundo, não se deixa tomar pela distração ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente com uma preocupação voltada antes de tudo aos outros”, coloquemo-nos para dentro de tão grande Mistério que nos envolve nestas 4 semanas e façamos das nossas relações fraternas o lugar do novo céu e da nova terra (2Pd 3, 13) que o Senhor quer instaurar entre nós.
Na Igreja do Brasil deu-se início, na última Solenidade de Cristo Rei, ao Ano dos Leigos, tendo seu encerramento previsto para 25 de novembro de 2018. O tema proposto pela CNBB para animar a mística do referido ano é: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída do Reino’”. Pretende-se trilhar o caminho de uma mística do seguimento mais radical a Jesus, onde os leigos tenham na ação pastoral uma vivência missionária no mundo do trabalho, da ciência, da família, etc. A vida e a missão dos leigos aprofundam-se e se realizam à medida em que o mundo vai sendo transformado pela força do Evangelho, e Cristo quer contar com aqueles para esta mudança, quer fazer dos leigos o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5, 13-14).
A Palavra de Deus norteia o rumo dos leigos no mundo, chama-os em todas as circunstâncias a testemunhar os valores do Evangelho, inclusive na efetivação do irrenunciável valor da vida em todas as suas fases. As exigências da Palavra devem encontrar ressonância no testemunho de cada fiel leigo, levando-o a auxiliar na concretização do sonho de Deus de tornar a terra um lugar onde Deus nos toca com sua eternidade. E o que significa céu e terra novos? Significa anunciar existencialmente a esperança cristã, e os leigos devem fazer esse anúncio, e fazê-lo no coração do mundo. Vale ressaltar que a esperança cristã está para além da autêntica expectativa de uma libertação social e política, de cunho simplesmente sociológico. Para a moral cristã, Jesus não propôs uma libertação social, mas, na sua própria carne, iniciou uma humanidade nova e redimida que vem de Deus, “mas ao mesmo tempo brota nesta nossa Terra, na medida em que se deixa fecundar pelo Espírito do Senhor. Trata-se, por conseguinte, de entrar plenamente na lógica da fé; crer em Deus, no seu desígnio de salvação e, contemporaneamente, empenhar-se pela construção do seu Reino” (Bento XVI). Os leigos são chamados a isso: agentes construtores de um mundo novo!