Dias atrás, nosso Arcebispo recomendava aos diáconos permanentes a necessidade de valorizar este “Ano Paulino”, instituído pelo Papa para que se conheça e difunda, entre outras finalidades, a rica doutrina do Apóstolo Paulo.

São Lucas, nos Atos Apóstolos, por três vezes relata a intervenção de Deus para converter o perseguidor Saulo no Apóstolo cheio de zelo pelo nome de Jesus (Atos cap 9, 22 e 26). O centro do acontecimento, que nos é narrado, é que Cristo ressuscitado aparece a Saulo e assim o transforma de perseguidor em apóstolo incansável pela difusão da boa nova, que é a redenção nossa pelo mesmo Senhor, Cristo Jesus. O esplendor do Ressuscitado deixa-o cego, a ele que na alma e no coração não conseguia ver a verdade sobre Cristo.

Não se pode querer ver no fato aqui lembrado um demorado processo psicológico de conversão, lentamente amadurecido e assumido. Não. O que houve foi um forte encontro pessoal dele com o Senhor ressuscitado, luz que lhe iluminou a mente e abriu o coração. Pode-se ver no acontecimento uma transformação repentina, como da morte para a vida, isto é: Paulo compreendeu a profundidade das promessas antigas de um Redentor e penetrou no mistério misericordioso da salvação que nos foi dada em Cristo e por Cristo.

Tanto isto é verdade que o próprio Paulo se apresenta como testemunha da ressurreição, como ele o confessa na 1ª aos Corintios (9,1): “Não sou eu apóstolo? Não vi o Senhor nosso Jesus Cristo?” A conversão de Paulo só se explica por este encontro pessoal com Cristo ressuscitado no caminho de Damasco. Ele viu o Senhor!

A narrativa desta miraculosa conversão de Paulo nos aponta para uma circunstância a mais: com a deslumbrante aparição de Cristo a ele, Paulo torna-se cego, sinal evidente do que ele era por dentro. Não conseguia enxergar a beleza luminosa da vinda do Messias, tão esperado pelo judaísmo. Só depois de instruído por Ananias e batizado, começou a enxergar a beleza da salvação nossa por Cristo e em Cristo.  Não é pois sem motivo que o batismo, na antiguidade, era chamado de “iluminação”.

O “Ano Paulino” quer recordar o ano dois mil do nascimento de Paulo, embora não se tenha certeza absoluta da data. E é um convite para se contemplar esta singular figura de apóstolo convertido e apaixonado pelo Senhor. E para conhecê-lo melhor leia-se o que os Atos dos Apóstolos e as Epístolas dele nos relatam. É o seu retrato: alma de fogo, mente iluminada por um único ideal – Cristo Jesus. É este o Apóstolo que estamos comemorando no decorrer deste ano.

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira

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