Uma avaliação da atual conjuntura eclesial e teológica não pode prescindir de uma real verificação da realidade na qual estamos imersos. Compreender, ainda que de
forma aproximativa e parcial, o momento presente, é fundamental para também compreendermos a situação da Igreja e da Teologia. Por esta razão, começo com uma averiguação recordativa dos sinais de nosso tempo, já propostos e analisados por muitos teóricos reconhecidamente competentes nesta área, pontuando apenas algumas referências que julgo serem úteis para o trabalho que aqui será desenvolvido. É consenso entre os autores que estamos vivendo uma “mudança de época”, com todas as implicações que isto significa. O final do século XX e o início do XXI se distinguem pela complexidade da realidade, pela justaposição de modelos interpretativos do real. A pósmodernidade, que desponta como reação a uma razão forte, onicompreensiva e total, se caracteriza pela fragmentação, pela incerteza, pelo vazio, pelo intimismo, pelo pensamento fraco, pela crise das ideologias, pela descrença, pela falta de sentido e pela solidão.
O fim do século XX parece dar razão a essa análise: no cenário da pósmodernidade o que emerge é muitas vezes apenas o triunfo da máscara em detrimento da verdade, o niilismo da renúncia a amar, quando os homens evitam a dor infinita da evidência do nada, fabricando para si máscaras de bem parecer atrás das quais escondem a tragicidade do vazio.” (FORTE, Bruno, 2003, p. 128).