O beijo que cura, a mística do beijo 

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
 Bispo de Campos (RJ)

 

Ao ser nomeado pelo Papa Francisco Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, o Arcebispo de La Plata Vítor Manuel Fernandez ( Tucho ) foi atacado sem caridade por setores que se distanciaram do Pontífice reinante.  Acusando-o de ter escrito um livro sobre o Arte de Beijar o que mostraria seu nível medíocre e confuso, desqualificándo-o totalmente.  

Na verdade a obra publicada em 1995 pela editora Lúmen , se intitula “Cura-me com teu beijo, a arte de beijar” destinada aos adolescentes, tinha o propósito de um jovem pároco ( 10 anos de padre ), de estabelecer um diálogo evangelizador com os jovens que eram tentados pela cultura da banalização do sexo que desvirtuava o sentido do beijo como expressão de um amor exigente e autêntico.  

Parece que tais críticos do atual Prefeito nunca se debruçaram com a teologia do corpo de São João Paulo II, que insistia na integridade do amor esponsal, e da linguagem e gestualidade na sexualidade humana, dando-lhe um valor pessoal e trascendente.  

Ou mesmo do Papa Bento XVI na Encíclica Deus Caritas Est, onde distingue e integra as duas faces do amor Eros e Ágape, valorizando e resgatando sua importância e conexão. Ainda poderíamos comentar que Dom Vítor Manuel Fernández assessorava grupos da Renovação Católica Carismática, focalizando a cura interior e emocional, pois sabemos quanto dano pode fazer uma afetividade mal conduzida ou meramente hedonista.  

Por outra parte dentro do campo da Antropologia Cultural é ressaltado em obras como “ Cristãos que se beijam”, que o beijo foi sempre um sinal de identificação e teve um sentido ritual e místico de profundo valor espiritual. Tendo um impacto de construção de amor fraterno, de perdão e reconciliação, e de troca espiritual, de comunidade acalentada pelo Espírito Santo.  

Há testemunhos muito ricos de Tertuliano, São João Crisóstomo, e do próprio Santo Agostinho que afirmava que o beijo era sinal de união das comunidades. O mesmo Dom Vítor Manuel Fernandez no final do seu livro desenvolve o conceito do beijo supermístico e ensina que o Deus amor beija seus filhos com as graças e bençãos da sua Ternura Infinita. Finalmente não esqueçamos a recomendação de São Paulo : “ Saudai-vos uns aos outros com o beijo Santo”, ( 1 Cor 16,20 ). Deus seja louvado! 

 

 

  

 

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