Dom Manoel Delson
Arcebispo da Paraíba
Estamos vivendo tempos difíceis, tempos que nos colocam diante de uma deflagrante cultura de morte. Cultura que vai implementando a agenda que não protege a vida nas suas mais variadas fases. E o que fazer? Como cristãos, o que devemos fazer? O Papa Emérito, em certa ocasião, dizia: “Ao defender a vida, não devemos temer a oposição ou a impopularidade”. Tal afirmação deve nos acompanhar juntamente com todo o Magistério da Igreja, que também salvaguarda a vida humana em todos os seus momentos.
Atualmente assistimos à forte onda de países que vão legalizando o aborto. As sociedades vão adotando estilos de vida pautados na ilusão da defesa dos direitos humanos que se distanciam do direito à vida desde a concepção até a morte natural. Não devemos nos calar. O testemunho do Evangelho da vida “impõe-se” a nós, não se trata de escolher o que me agrada, mas de assumir o estilo de vida do discípulo e missionário de Jesus.
Nossas sociedades estão cada vez mais estigmatizadas pelo eclipse do sentido da vida, não se consegue mais reduzir a percepção da gravidade moral do aborto. A vida humana, a todo momento, é posta na lata de lixo que se abeira ao lado de consciências deformadas. E qual a missão da Igreja nesse contexto dramático? É a missão da solidariedade. E é justamente isso que os filhos da Igreja têm feito. Socorrer as mulheres que cometeram aborto é um dever de caridade cristã. E até mesmo quando elas são socorridas, a Igreja, mais uma vez, reafirma que nunca se poderá aceitar as leis favoráveis ao aborto. Reafirmamos a nossa responsabilidade comum e cristã com a pessoa humana, e não importa o mal que ela tenha causado; agimos movidos pela misericórdia com todos, mas também defendemos o valor irrenunciável da vida humana.
Que a Virgem Maria, a Mãe que guardou a vida do seu filho Jesus em todas as suas etapas, favoreça-nos a misericórdia e a esperança. Misericórdia para acolher os que matam a vida, e esperança para nos fazer prosseguir na defesa da vida, mesmo que nos custe a autoimagem e a impopularidade. E no Brasil não podemos nos calar ante à afronta de tentativas de justificativas que querem amordaçar a vida. Devemos, como Igreja, ter uma voz orquestrada e retumbante a guardar o direito inviolável à vida de todo nascituro. Somos chamados a exercer o apostolado misericordioso da verdade, principalmente num mundo que se deixa marcar por inverdades ilusórias, inverdades que são patrocinadas pela agenda da cultura de morte.