Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá – PA
O Sínodo dos Bispos está ressaltando um dado importante que a Amazônia tem muitos mártires, homens e mulheres, missionários e missionárias que deram as suas vidas pela causa do Reino de Deus, de Jesus Cristo e de sua Igreja. É a Igreja que dá testemunho por amor a Jesus Cristo, o verdadeiro mártir e ao seu Reino. Muitas pessoas e indígenas foram mortos nestes últimos anos, e outras pessoas que não mediram esforços para lutar com os oprimidos, os pobres da Amazônia. As suas vidas foram eliminadas.
O sangue dos mártires é semente de novos cristãos, dizia Tertuliano, Padre da Igreja no século III, do Norte da África. Naquele tempo havia uma moderação porque ser cristão corria o risco da perseguição e às vezes a morte. Hoje percebemos que o sangue derramado influencia a vida das pessoas a prosseguirem a caminhada de fé, de esperança e de caridade. O fim é o mesmo, Jesus Cristo, talvez mudando a forma pelo martírio. A idéia é central como ontem: o verdadeiro e único mártir é Jesus Cristo, diziam os mártires de Lião, no final do século II. Sem dúvida queremos honrá-los diante de Deus para que a vida seja valorizada diante da morte, seja dada a superação do ódio, da falta de justiça e de amor. Os mártires se defrontaram contra aqueles que colocam barreiras, em relação ao desmatamento de florestas, de rios, pela preservação da natureza e de pessoas mais vulneráveis na sociedade.
No local do Sínodo tem na frente, perto da mesa, fotos diversas de muitos mártires, de pessoas que marcaram a história da Amazônia. Vemos que na Pan-Amazônia, região onde engloba o norte do Brasil e outros países da América Latina, fez muitos mártires, por pessoas simples e humildes que seguiram a Jesus Cristo, amaram as pessoas simples, anunciaram o evangelho do Senhor, denunciaram o pecado da falta de amor, o desmatamento da natureza, a poluição de rios, viveram a unidade com Jesus Cristo, foram pessoas que a amaram a Igreja do Senhor. Por isso foram mortos pelo poder econômico, político e social. Vemos também ainda muito a impunidade ocorrer diante de pessoas que foram mortas por causa da justiça, da verdade e do amor. Jesus nos fala de bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus, ou mesmo de bem-aventurados aqueles que são maltratados por causa do Senhor, porque será grande a recompensa nos céus. Nós não podemos ter medo da verdade, da justiça e do amor, porque o Senhor Jesus conta conosco para irmos para frente sem medo de anunciar o bem e denunciar o mal. É claro que se não chegarmos ao martírio, mas que nós testemunhemos com a nossa vida, o bem, a caminhada em favor de todas as pessoas, sobretudo dos pobres, dos abandonados na sociedade, do povo do campo e da cidade, e dos povos indígenas, nas quais o Sínodo está dando uma especial atenção. A vivencia do martírio não condiz só com algumas pessoas, mas para todos, porque todos os dias somos chamados a anunciar o Senhor Jesus Cristo, num processo de conversão pessoal, pastoral e ecológica. A defesa da vida, da fé e do amor, pode acarretar uma vida radical no seguimento ao Senhor por uma existência simples e humilde, mas também pode dar-se com o martírio.