As medidas de isolamento social tomadas devido à pandemia do novo coronavírus mudaram completamente a mobilidade humana. Diversos setores da sociedade civil foram fortemente impactados com as restrições impostas pela doença.
O setor do turismo foi um dos impactados com a pandemia da Covid-19. Diversos segmentos, entre o hoteleiro, viagens por via aérea, terrestre ou marítima, tiveram de interromper as atividades de uma hora para outra. Com o turismo religioso não foi diferente, principalmente depois que os templos religiosos, como basílicas e santuários, tiveram de fechar as portas para evitar aglomerações.
O coordenador Nacional da Pastoral do Turismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Manoel de Oliveira Filho, ressalta que toda cadeia produtiva do turismo foi muito atingida. Desde os transatlânticos até os guias de turismo. Segundo o padre, a atividade turística foi bem atingida e, obviamente, os seus segmentos também. Com o turismo religioso não foi diferente.
“O impacto é muito grande, santuários estão fechados em sua maioria, fazendo seus protocolos dependendo das cidades, estados para a reabertura. Com certeza, a retomada do turismo religioso, assim que a atividade turística puder ser retomada, será gradual. As pessoas querem ir aos lugares sagrados para rezar, para agradecer e para pedir”, afirma.
Padre Manoel ressalta ainda que para que os espaços religiosos sejam abertos será necessária uma readequação dos locais, respeitando todas as medidas de segurança e sanitárias como os protocolos de distanciamento e o uso dos equipamentos de proteção individual.
“A gente já vê, por exemplo, no Santuário Nacional de Aparecida, Santa Paulina, no Santuário de Santa Dulce, do Senhor do Bonfim, São Francisco das Chagas, Basílica de Nazaré, Divino Pai Eterno, protocolos sendo cumpridos para que as atividades possam ser retomadas com segurança e o povo possa voltar para rezar nesses lugares sagrados”, diz.
O Brasil tem uma forte tradição no turismo religioso – os famosos roteiros de fé e peregrinação que são importantes geradores de emprego e renda, incentivadores de pequenos negócios, investimentos e movimentação das economias locais. Embora os impactos da pandemia da Covid-19 sobre o setor de turismo sejam evidentes, as perspectivas para o futuro são animadoras e trazem esperança, diz o coordenador Nacional da Pastoral do Turismo.
“O futuro é animador sempre. Nós, se Deus quiser, teremos a vacina. Estamos rezando muito. Acho que deve ser, inclusive, a grande oração que todos devem fazer para seus santos e devoções para que esse processo seja o mais rápido possível. Mas é preciso paciência, a paciência histórica. A Palavra de Deus diz ‘pra tudo há um tempo’, o tempo agora é o tempo da reserva, é o tempo do esperar. Então, dentro deste tempo é se preparar, fazer o que é preciso ser feito e pouco a pouco ir aguardando a retomada. Ela vai ser lenta, gradual, mas vai ser efetiva e afetiva, com certeza, pra que a gente tenha essas experiências de Deus nos lugares sagrados de forma muito especial”, aponta o padre Manoel Filho.
De acordo com o Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo, anualmente são feitas 17,7 milhões de viagens domésticas movidas pela fé (turistas, sem contar as excursões).
Foto: Ciclo de romarias em Canindé. Foto: Secretaria de Turismo de Canindé