Amanhã, sábado, dia 21 de agosto, em Dourados, no Mato Grosso do Sul, será inaugurado mais um templo dedicado ao Deus que opera maravilhas nos filhos que se deixam moldar por ele. Apesar de ser todo-poderoso e infinito, para agir, Deus precisa encontrar pessoas que não oponham resistências a seu amor. Tais pessoas são os santos. Cada um deles é a mão e o sorriso de Deus para as pessoas que têm a graça de os encontrar ao longo de sua vida.
Em Dourados, o templo é pequeno e simples, mas o santo é grande e de renome internacional: São Pio de Pietrelcina, mais conhecido como “Padre Pio”. Canonizado por seu devoto mais famoso, o Papa João Paulo II, no dia 16 de junho de 2002, ante uma multidão calculada em dois milhões de pessoas, ele nasceu no dia 25 de maio de 1887. Apesar de ser natural de Pietrelcina, passou a maior parte de sua existência em San Giovanni Rotondo – cidades situadas, respectivamente, no sul e no leste italiano.
Dele se pode dizer que, desde criança, buscou com sinceridade as coisas de Deus. Por isso, ninguém se admirou quando, em 1902, aos quinze anos de idade, ingressou no noviciado dos Capuchinhos. Após os estudos de filosofia e teologia, foi ordenado sacerdote no dia 10 de agosto de 1910, com 23 anos de idade.
Seu intenso zelo pastoral o levava a dedicar-se inteiramente aos irmãos, para ajudá-los a realizar o projeto que Deus tinha sobre cada um deles, através de uma vida cristã autêntica e profunda. Consciente de que é pela cruz que se chega à ressurreição, juntou aos seus sofrimentos de cada dia, inúmeras penitências, para que a multidão de pessoas que, de toda a parte, acorriam a seu confessionário, voltassem para casa renovadas e felizes. É, talvez, nesse sentido que se deve entender a grande graça que recebeu de Deus: trazer em seu corpo, durante 50 anos, os estigmas de Jesus.
Para sustentar a obra de Deus que ele construía com sua imolação cotidiana, o Pe. Pio criou os “Grupos de Oração”, que se espalharam por todo o mundo, com a finalidade de unir as famílias em pequenas comunidades, convicto de que a família que reza unida, permanece unida, forte e aberta às necessidades dos irmãos.
É nessa linha que deve ser visto o imponente hospital que ergueu em San Giovanni Rotondo, denominado “Casa Alívio do Sofrimento”, um nosocômio que se tornou referencial em toda a Europa, não apenas pelo estilo de assistência que se presta a cada doente, mas também pelos recursos sofisticados que nele foram instalados.
O Pe. Pio faleceu aos 81 anos, no dia 23 de setembro de 1968, consumido pela doença e, sobretudo, pelas fadigas que lhe reservavam as longas horas diárias passadas no confessionário. Suas últimas palavras revelam o amor que lhe abrasava o coração: «Ficarei na porta do Paraíso até que o último dos meus filhos consiga entrar!». Atrás de suas atitudes exigentes e, às vezes, rudes, escondia-se um coração de pai amoroso.
Além dos estigmas e de outros sinais prodigiosos com que Deus lhe demonstrava seu amor, São Pio de Pietrelcina “via” o que se passava no coração de seus penitentes, ajudando-os a fazer os passos necessários para uma autêntica conversão. Outro dom extraordinário foi a assim denominada “bilocação”, ou seja, a faculdade de estar simultaneamente presente em dois lugares diferentes. Foi o que presenciou São Luís Orione ao participar, em 1925, na Praça São Pedro, da canonização de Santa Teresa de Lisieux. Em dado momento, ele viu ao seu lado o Padre Pio, o qual, naquele momento – fato provado e comprovado – não se afastara de seu convento, em San Giovanni Rotondo…
No dia 20 de fevereiro de 1971, nem bem três anos após a sua morte, a fama de sua santidade crescera tanto que, numa audiência pública, o Papa Paulo VI não pôde deixar de reconhecer e perguntar: «Que fama ele alcançou! Quanta gente, do mundo inteiro, reuniu em torno de si! Por quê? Por que era um filósofo? Um sábio? Por que dispunha de meios poderosos? Não, mas apenas porque rezava humildemente e confessava da manhã à noite. Numa palavra, porque era um homem de oração e de sofrimento».