Padre Victor é o primeiro beato afrodescendente do Brasil

“Possa o seu extraordinário testemunho servir de modelo para todos os sacerdotes”, disse o papa Francisco, por ocasião da beatificação

Cerca de 20 mil fieis acompanharam a cerimônia de beatificação do padre  Francisco de Paula Victor, na cidade de Três Pontas (MG), no dia 14 de novembro. O rito de beatificação foi presidido pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e representante do papa Francisco, cardeal Angelo Amato.

Na homilia, o bispo de Campanha, dom Diamantino Prata de Carvalho, falou da vida simples do beato, filho de escravos. “Esse homem, nascido escravo, teve uma vivência na profunda caridade. Padre Victor era feliz em dar aquilo que possuía, pois se doava ao outro. Um santo sacerdote, soube com sua paciência e constância na fé, além da perseverança, conquistar o povo para Deus. Viveu na acolhida, na fraternidade”, lembrou.

Na oração do Angelus, no domingo, 15, na Praça de São Pedro, o papa Francisco recordou o novo beato brasileiro. “No Brasil, está proclamado beato Francisco de Paula Victor, sacerdote brasileiro de origem africana, filho de uma escrava. Pároco generoso e excelente na catequese e na ministração dos sacramentos, distingue-se sobretudo pela sua grande humildade. Possa o seu extraordinário testemunho servir de modelo para todos os sacerdotes, chamados a ser humildes servidores do povo de Deus”, disse Francisco.

Vida e missão

Francisco de Paula Victor nasceu na cidade de Campanha em 12 de abril de 1827. Era filho da escrava Lourença Maria de Jesus. O jovem Francisco ingressou no Seminário de Mariana (MG) no dia 5 de junho de 1849. Foi ordenado em 14 de junho de 1851. Durante 53 anos exerceu atividade pastoral em Três Pontas, onde permaneceu até o seu falecimento, ocorrido em 23 de setembro de 1905.

Para o arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG), dom Eurico dos Santos Veloso, a cidade de Campanha é um chão abençoado de santos. “Agora tem dois beatos: Nhá Chica e Padre Victor, para do céu nos ensinar a viver aqui na terra as virtudes que nos abrirão, futuramente, as portas do céu”, expressou o bispo.

O milagre reconhecido pelo Vaticano ocorreu em Campanha. Após várias tentativas de engravidar, a professora Maria Isabel de Figueiredo, de 37 anos, entrou na fila de adoção. Nove meses depois, em agosto de 2010, o cadastro do casal foi aprovado. Porém, no mesmo dia, Maria Isabel descobriu que estava grávida, mesmo com a retirada de uma das trompas. O fato foi constatado como milagre, com a intercessão do beato padre Victor.

Com informações e fotos da diocese de Campanha (MG)

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