Pastoral Operária comemora 45 anos

Lema do encontro recordou fala do papa Francisco aos movimentos populares

A cidade de Varginha (MG), pertencente à diocese de Campanha (MG), recebeu o Encontro Nacional dos 45 anos da Pastoral Operária (PO), entre os dias 20 e 22 de novembro. “Memória, resistência e utopia” foi a inspiração para a reflexão sobre a caminhada da PO. O lema foi inspirado no discurso do papa Francisco aos Movimentos Populares em outubro de 2014, “Nenhum trabalhador sem diretos”.

De acordo com a Pastoral, são “muitos sinais de resistência pautados na experiência do Evangelho e das relações dos trabalhadores e trabalhadoras”. A temática proposta motivou a discussão a respeito das demandas dos operários e da necessidade de organização nas bases. Os 70 agentes que participaram do encontro também fizeram reflexão e revisão de vida para fortalecimento dos grupos diante do enfrentamento dos desafios que fragilizam os direitos e “mata os/as trabalhadores/as”.

“Os desafios da Pastoral Operária, da Igreja e do mundo do trabalho, se tornam mais leves quando vivemos experiência da tenda, da mística, da espiritualidade que embala a nossa ação”, diz comunicado publicado após o evento.

Os agentes, de acordo com o texto, saíram desafiados a repensar suas atitudes, revitalizar os grupos de base, acolher a juventude e renovar a caminhada para melhor servir em defesa dos trabalhadores. Faz necessário, ainda, aponta a mensagem, “um olhar especial para a juventude, para as mulheres e trabalhadores terceirizados que são expostos às situações de risco”.

O bispo emérito de Jales (SP), dom Luiz Demétrio Valentini, enviou uma mensagem ao encontro. “Somos surpreendidos com situações, no mundo do trabalho, que se assemelham bastante com os problemas vividos nos tempos do liberalismo, como a fragilização dos direitos trabalhistas”, alertou o bispo destacando o contexto favorável de situações concretas que necessitam da ação articulada da Pastoral Operária.

Histórico

A Pastoral Operária tem sua origem em iniciativas eclesiais que reuniram pequenos grupos de trabalhadores católicos em atividades de reflexão sobre a vida no trabalho “na ótica das exigências evangélicas da justiça e da solidariedade de classe”.

A oficialização da Pastoral deu-se após cerca de 10 anos de atividades de grupos de reflexão e movimentos sindicais, como a Juventude Operária Católica, a Ação Católica Operária e o Movimento de Oposição Sindical, que envolvia os metalúrgicos de São Paulo.

Em 18 de outubro de 1970 aconteceu a Missa pelo Salário Justo, presidida pelo arcebispo de São Paulo (SP) à época, cardeal Agnelo Rossi. Na ocasião foi oficializada a Pastoral Operária na arquidiocese. A Pastoral ganhou força durante o governo do arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Paulo Evaristo Arns (1970 a 1998).

Em 1976, a troca de experiências entre os grupos da Pastoral tornou possível a criação em outras dioceses do Brasil, formando a Pastoral Operária Nacional.

Com fotos de Salomé Cassimiro

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