Para cardeal Gianfranco Ravasi, a ideia de se ter uma consultoria feminina é inovadora
O Pontifício Conselho para a Cultura instituiu uma Consultoria Permanente formada somente por mulheres. O organismo reuniu-se, pela primeira vez, na última terça-feira, 28 de junho.
Em entrevista ao programa alemão da Rádio Vaticano, o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, falou sobre a finalidade da consultoria. “Os objetivos são, substancialmente, de dois gêneros: por um lado – e este é o fundamental – convidar as mulheres a oferecer, com o seu olhar e interpretação pessoal, um juízo sobre todas as atividades do dicastério, portanto, não se trata de uma consultoria decorativa”, afirmou.
Ainda de acordo com ele, o Conselho pretende buscar novos horizontes, uma vez que no dicastério, as mulheres têm somente funções administrativas e de secretaria. “Justamente por este motivo, queremos pedir às mulheres para indicar também percursos que nunca tenhamos percorrido”, enfatizou.
Para o cardeal, a ideia de se ter uma consultoria feminina é inovadora. “Eu sou substancialmente cético sobre a tese da ‘cota rosa’. Estou mais convencido de que seja absolutamente necessária uma presença relevante, que não somente dê vagamente uma cor, mas que entre, pelo contrário, no mérito das questões, também com a sua capacidade crítica”, disse.
Questionado sobre quais são os próximos passos a serem dados pelo Conselho, o cardeal, propôs alguns exemplos. “Eu tenho ao menos sete, oito atividades dentro de meu dicastério que gostaria que fossem julgadas, interpretadas, apoiadas pelas mulheres. Uma destas, a primeira, é talvez, somente aparentemente, marginal: a do esporte”, afirma.
Para ele, o esporte é um fenômeno no qual mais se reflete a figura do homem e da mulher. “Este, portanto, foi o primeiro exemplo. Nós gostaríamos agora de continuar, de etapa em etapa, com dois percursos: de um lado, ampliar este grupo, e de outro, solicitar o juízo delas sobre uma série de outros temas que temos já prontos”, disse.
Durante a entrevista, o cardeal Gianfranco falou também sobre a possibilidade de existirem grupos de consultoria feminina em outros dicastérios da Cúria Romana. De acordo com ele, esse também seria um desejo do papa Francisco, uma vez que o pontífice já insistiu para que haja uma maior presença das mulheres na cúria vaticana.
O cardeal exorta também para que sejam recordadas as palavras do papa, quando o pontífice cita que a figura de Maria é mais relevante do que a dos cardeais e a dos próprios bispos. “Por este motivo, eu acredito que deva vir uma revolução, uma evolução em nível teórico, antes de tudo, isto é, de mentalidade, de teologia e, em nível prático, certamente, tendo presente, porém, sempre essa observação a de que não devemos considerar o modelo masculino, que até agora construiu, também legitimamente, as funções, os ministérios dentro da Igreja, como o modelo a ser imitado, o único exclusivo”, concluiu.
Com informações e foto da Rádio Vaticano
