“Água santa! Ó agua pura, vem! Purifica este povo! Dá-nos da neve a brancura, e um coração sincero, forte, grande, novo…”. Enquanto um coro formado pelos bispos que integram o Conselho Permanente, assessores, membros dos organismos, colaboradores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e convidados entoavam os versos desta canção, um grupo de dez bispos abençoavam, com água benta, todos os cômodos do prédio sede da CNBB na tarde desta quarta-feira, 27 de março. O ritual fez parte da bênção do edifício após passar por um processo de reforma iniciado em outubro de 2017.
Depois da aspersão, houve celebração eucarística presidida pelo cardeal Sergio da Rocha, presidente da entidade. Entre os concelebrantes, estavam o representante do papa no Brasil, o núncio apostólico, dom Giovanni D´aniello, o arcebispo emérito de Aparecida (SP), cardeal Raymundo Damasceno Assis, que já foi secretário-geral por três mandatos e presidente da entidade; o arcebispo de São Luiz (MA) e presidente do regional Nordeste 5, dom José Belisário da Silva, que foi vice-presidente; e o arcebispo de Salvador e atual vice-presidente, dom Murilo Krieger.
Em referência ao prédio, o presidente da CNBB, na acolhida, lembrou que a ação pastoral da Igreja no Brasil precisa de organização e instrumentos que facilitem a comunhão eclesial. “Desejamos e suplicamos a Deus que o prédio reformado seja local de testemunho da fé. Bendigamos a Deus por tantos benefícios à CNBB e à sua nova sede readaptada às novas exigências da evangelização”, disse.
Em sua homília, o cardeal Sergio da Rocha, agradeceu a presença de todos, lembrando que não se trata de uma “reinauguração” mas de uma ação de graças porque a CNBB é dom de Deus, fruto e sinal de seu amor. “Por isto, o fazemos por meio da Eucaristia. Expressamos gratidão sincera a tanta gente que faz parte da história desta sede”, disse. Para o presidente da CNBB, cuidar da casa é também cuidar da família que a habita. “Queremos que esta casa seja espaço de vida fraterna e testemunho de fé”.
“Porque precisamos de tanta estrutura?”, perguntou o cardeal. Em sua avaliação, para evangelizar e ajudar a ser uma Igreja discípula, missionária profética e misericordiosa, conforme o desejo do papa Francisco. O cardeal Sergio disse que a CNBB é chamada a ser uma organização não meramente burocrática mas em vista de sua missão que é ser um centro motivador da Ação Evangelizadora.
Agradecimentos – Ao final da celebração, o presidente da CNBB agradeceu às dioceses que contribuíram com a coleta para levantar fundos para a reforma, ao regional Leste 2, aos membros do Conselho Permanente, aos presidentes e secretários-gerais que precederam a atual gestão, a Comissão de Reforma, a empresa e aos operários da obra, aos assessores e colaboradores da CNBB e ao padre Antônio da S. da Paixão, subsecretário adjunto geral da entidade.
Também agradeceu as doações dos santuários de Aparecida (SP) e do Pai Eterno (GO), do Banco Santander e da Adveniat, organização da Igreja na Alemanha. De forma especial, o presidente da CNBB agradeceu ao bispo-auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da entidade, dom Leonardo Steiner. “Ele não gosta de agradecimentos, mas não poderia deixar de reconhecer porque testemunhei a dedicação generosa e competente de seu trabalho”, disse.
Impressões sobre o espaço
Após a celebração, todos puderam conhecer mais detalhadamente os espaços reformados. O bispo de Luziânia (GO) e presidente do regional Centro-Oeste da CNBB, dom Waldemar Passini Dalbello, integrou a Comissão de Reforma. Em sua avaliação, o projeto foi bem executado. “Os espaços estão bem harmoniosos e o prédio mantém uma identidade com a modernidade de Brasília”, disse. Além deste aspecto, para ele o novo espaço dá objetividade para as relações de trabalho no cotidiano.
Para o arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente do regional Oeste 1, dom Dimas Lara Barbosa, que exerceu a função de secretário-geral da entidade de 2007 a 2011, a reforma preservou o espírito do prédio antigo, enfrentou problemas em estruturas que precisavam ser renovadas, como a cobertura do pátio interno, e ao mesmo tempo deu uma modernizada nas instalações.
O arcebispo de Olinda e Recife (PE) e presidente do regional Nordeste 2 da CNBB, dom Antônio Fernando Saburido, disse ter ficado surpreso com a beleza e a funcionalidade dos novos espaços. “Temos um prédio à altura da CNBB. Valeu à pena o esforço das dioceses. Este prédio será um bem para a Igreja no Brasil’, disse.
A presidente do Conselho Nacional do Laicato no Brasil (CNLB), Marilza Lopes Schuina, disse que quem trabalha com evangelização precisa de um espaço adequado e boas condições de trabalho. Ela ressaltou a beleza do prédio e deseja que esta beleza se traduza numa evangelização mais efetiva para o povo brasileiro.
Histórias do prédio sede
No momento que antecedeu a benção a todos os cômodos do prédio reformado, o assessor da Comissão para a Liturgia, padre Leonardo Pinheiro, retomou fatos da história do prédio sede da matriz. Consta de 1958, quando a capital do Brasil era um canteiro de obra, uma correspondência do então presidente da CNBB, cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, a dom Helder Câmara, então secretário-geral da entidade, comunicando que o presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Israel Pinheiro, estava doando terras para organizações religiosas e se não seria o caso de transferir a sede da entidade para Brasília (DF), uma localização mais equidistante de todas realidades do país.
Fato que se consumou mais tarde, com a doação de um terreno à Igreja Católica no Brasil, desmembrado do terreno cedido à Nunciatura Apostólica, representação diplomática do Vaticano no Brasil. Em um primeiro momento, funcionou no espaço a sede do regional Centro-Oeste, mais tarde transferida para Goiânia. Em 1972 foi instalada uma Procuradoria da CNBB na capital federal. No ano de 1976 iniciaram os estudos arquitetônicos e o levantamento de recursos para construção do prédio. Em 15/11/1977 foi inaugurada a nova sede em Brasília. O então papa João Paulo II, hoje santo da Igreja Católica, visitou o prédio em outubro de 1991.