Primeiro vice-presidente do Celam, cardeal Odilo Scherer, fala sobre a contribuição da Igreja na América Latina para o Sínodo

O arcebispo de São Paulo e primeiro vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o cardeal dom Odilo Scherer, concedeu entrevista na qual faz um balanço tanto da metodologia da Etapa Continental da América Latina e Caribe do Sínodo dos Bispos (2021-2023) quanto da sua participação no Celam, como primeiro vice-presidente e representante da Conferência Episcopal dos Bispo do Brasil (CNBB) no órgão da Igreja no continente latino-americano.

O arcebispo pontua que nesta etapa continental, cujo encerramento se dá com a Assembleia Regional do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) realizada em Brasília (DF), de 6 a 10 de março, os grupos estão se reunindo seguindo o roteiro apresentado no Documento da Etapa Continental (DEC) já com as síntese das conferências episcopais de todo mundo. Trata-se, segundo ele, de avançar para a construção de uma síntese universal que está sendo refletida em todos os continentes, como está sendo feita no âmbito da América Latina e Caribe.

“Os grupos estão claramente tomando isto em mãos, destacando e discernindo sobre as diversas questões ali apresentadas e, por sua vez apresentando, de forma nova, as sugestões, propostas e indicações a serem levadas ao Sínodo. Muito disto agora está sendo traduzido nas contribuições para o Sínodo universal, que se refere à igreja como  um todo”, reforçou.

Passos da metodologia sinodal

Sobre a metodologia que está orientado todo o processo do Sínodo 2021-2023, o primeiro vice-presidente do Celam, destaca o método que já conta com o trabalho desenvolvido na primeira fase, com o envolvimento das paróquias, comunidade, dioceses e organizações de base da vida da Igreja, com participação do laicato, clero e religiosos, com a contribuição das conferências episcopais na organização das sínteses e, agora, em âmbito continental, procura-se dar a contribuição ulterior do continente para o sínodo da Igreja.

Segundo o cardeal, a América Latina tem muito a contribuir com o processo do Sínodo universal. O Celam, reforçou dom Odilo, tem um papel importante na medida que acolhe as muitas contribuições e promove o discernimento continental para levar as propostas da Igreja da América Latina para o Sínodo.

Dom Odilo chama a atenção também para a preocupação de assegurar no processo do Sínodo aquilo que o Papa tem incentivado e pedido: “vamos nos colocar à escuta daquilo que o Espírito Santo diz à Igreja; aquilo que já se recomenda desde o os primórdios da Igreja: é o Espírito Santo aquele que conduz a Igreja”.

“Não se trata de uma assembleia de parlamento, como o Papa também tem reforçado; É uma assembleia do povo de Deus em que se reflete, se reza, procura ouvir o Espírito Santo, fazer o discernimento, a partir daquilo que é a própria natureza da Igreja, olhando para a sua realidade e do mundo para perceber os desafios e buscar soluções e propostas que sejam úteis e importantes para o seu caminhar”, concluiu.

Papel no Celam

Sobre o seu trabalho no Celam, diz que compreende o seu papel, na representação da CNBB, de ser uma ponte junto ao organismo sobre questões da vida da Igreja e vice-versa. Como primeiro vice-presidente do Conselho, dom Odilo contou que participa das reuniões, assembleias e tem uma presença junto ao arcebispo de Trujillo, no Peru, e presidente do Celam, dom Miguel Cabrejos Vidarte, e aos demais membros da presidência composta por mais um vice-presidente, secretário-geral e o presidente do Conselho Econômico. “O papel da presidência do Celam é feito em sintonia e em conjunto quando tem alguma questão a decidir”, apontou.  

Segundo dom Odilo, o Celam não é uma conferência episcopal é um Conselho do epsicopado latino-americano com um papel não propriamente executivo, de realizar ações. “É seu papel acompanhar, estimular, reunir e buscar uma unidade e apoiar as conferências episcopais do Continente; Isto é assunto do dia a dia e da vida do Celam; acompanhar e conhecer a realidade da Igreja na América Latina”, disse.

Dom Odilo vê que de um modo geral o desafio do Celam, reforçado pelo Papa Francisco, é colocar em prática as grandes intuições da Conferência de Aparecida. “O Papa tem pedido que a Igreja na América Latina e o episcopado do continente se voltem ao documento que continua muito atual e têm muito a dizer para a Igreja e sociedade”, concluiu.

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