Protagonismo na vida em sociedade

A Doutrina Social da Igreja formula critérios para avaliar a realidade social, econômica, financeira e política. Interessa-nos por colocar em evidência tais critérios que orientam os cristãos.

Desejamos indicar alguns pontos para não ficarmos passivos e podermos julgar o que está acontecendo. Fazer política não começa quando se entra nas questões partidárias ou técnico-financeiras, mas quando simplesmente se vive um outro princípio alternativo ao domínio do Estado e do mercado: a experiência de pertencer ao ideal e a um povo concreto como critério das nossas ações.

Desde o início, a pessoa é considerada não como apêndice da sociedade, célula de um órgão maior, mas como algo que tem prioridade absoluta. Cada criatura humana é imagem e semelhança de Deus. A ela é devido respeito sagrado, desde a sua concepção até o último instante de sua vida. A Igreja discorda, assim, do aborto procurado, da manipulação genética das células tronco e da eutanásia.

A família é o primeiro lugar no qual a pessoa realiza a si mesma e encontra terreno para o seu pleno desenvolvimento. A família nasce da liberdade das pessoas. O amor humano é vivido na plena reciprocidade de afetos e de responsabilidades. A família expressa a maior cooperação entre os sexos e entre as gerações. Isso é de interesse de toda a sociedade. È importante apoiar e valorizar a família destinada a durar no tempo e constituída por um homem e uma mulher, seus eventuais filhos naturais e adotados. Por isso considera que cada criança tem o direito de nascer de um ato de amor e não de uma operação de laboratório.

Da dignidade, unidade e igualdade de todas as pessoas deriva, antes de tudo, o princípio do bem comum que envolve cada aspecto da vida social para encontrar pleno sentido. Bem comum é formado pelo conjunto daquelas condições da vida social que permitem aos grupos e a cada um de seus membros atingirem, da maneira mais completa e claramente, a própria realização.

O fim da vida social é o bem comum historicamente realizável. A responsabilidade de procurar o bem comum compete não só às pessoas, mas também ao Estado, pois o bem comum é a razão de ser da autoridade política. O governo de cada país tem a tarefa específica de harmonizar com justiça os diversos interesses setoriais. Decorrência do bem comum é a particular importância do princípio da destinação universal dos bens.

Pelo princípio de solidariedade pessoas, famílias e Estado ficam atentos aos menos favorecidos. O ensinamento da Igreja recomenda que a atenção de toda a sociedade se volte para oferecer oportunidades de trabalho e fontes de subsistência a todos os cidadãos especialmente a pessoas e grupos menos favorecidos. Este princípio é obrigação do Estado como ordenador e transformador das instituições. Não é vago sentimento de compaixão e sim a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, de todos e de cada um, porque todos nós somos responsáveis por todos.

O princípio da subsidiariedade foi expresso na Quadragesimo anno, de Pio XI: “É, pois, erro grave e muito pernicioso querer que o Estado possa intervir arbitrariamente até no santuário da família. A autoridade paterna não pode ser abolida, nem absorvida pelo Estado, porque ela começa lá onde a vida humana tem origem”. O Estado deve respeitar as competências prioritárias das pessoas, das famílias e dos grupos intermediários. Isso chamamos de princípio de subsidiariedade.

Este princípio é de grande importância contra toda forma de totalitarismo. Nasce do valor da pessoa humana e da sua possibilidade de organizar-se em livres agregações. O princípio é contrário tanto ao Estado totalitário quanto ao Estado liberal. Neste último, teoricamente, se deixa menos poder ao Estado mas, na prática, a teoria do ‘Estado mínimo’ não respondeu a dois problemas fundamentais: à incapacidade de superar a degeneração própria do egoísmo humano e à pretensão totalitária do Estado. A chave da questão social, portanto, não é nem o “Capital”, nem o “Estado”, mas é a pessoa que desenvolve um trabalho e as diversas formas de agregação que ela gera.

A liberdade de educação e a liberdade religiosa darão respeito e sentido à vida do outro.

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