Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Iniciamos com este primeiro Domingo do Advento a nossa preparação “espiritual” para a celebração da Festa do Natal. Podemos dizer que é um tempo de espera, mas não esperamos sozinhos, porque o Santo Natal tem uma forte mensagem de vida, de paz e fraternidade, marcada pelo amor de Deus que toca o coração das pessoas, fazendo irradiar no mundo uma corrente do bem, marcada pelo amor e pela solidariedade.
Quando falamos em festa, pensamos logo como iremos nos apresentar diante dos convidados que iremos encontrar. O Advento é este tempo de preparação para participarmos da Festa do Natal, mas a nossa preocupação não deveria ser em primeiro lugar com o nosso exterior, mas sim com o nosso interior. A Igreja propõe e dispõe para todas as pessoas e famílias a possibilidade de participarem da preparação espiritual, através da Novena do Natal. Ela nos dá a possibilidade de nos encontrar e partilharmos juntos este momento de espera e esperança. Podemos também colocar a Guirlanda do Natal nas portas das casas, dos apartamentos, nas vitrines e nos espaços do comércio, como símbolo da nossa adesão a esse caminho de preparação espiritual para a celebração do Santo Natal.
Às vezes manifestamos uma exagerada preocupação em iluminar a casa e o jardim, o que é muito bonito e naturalmente contribui para lembrar que “Jesus” é a luz do mundo. Mas corremos o risco de deixar na escuridão o nosso coração, porque temos medo de abrir suas portas e janelas para que entre a luz do amor, da paz, da esperança, da justiça e da caridade, que nos fazem ver o “rosto” do menino que nasceu em Belém no rosto das crianças, jovens e idosos que vivem em estado de abandono ou em situações de exclusão social.
O tempo de Advento, vivido na espera e na esperança, para celebrarmos a Festa do Natal, faz sonhar as crianças, mas faz aflorar também nos nossos corações de adultos recordações que marcaram a nossa vida, no contexto familiar e comunitário, quando celebrávamos o Natal à luz de lamparina de querosene, nas famílias e nas comunidades. Pode-se dizer que faltava claridade no ambiente, mas havia brilho nos olhos e no coração pelo “mistério” que se estava celebrando.
Estimados irmãos e irmãs! O Advento é também um tempo especial para refletirmos sobre o amor, a ternura e a humildade de Deus. É um tempo para olharmos para dentro de nós mesmos, e refletirmos sobre como estamos gastando a nossa vida, e nos perguntar: Tem um espaço para Deus na minha vida? Tenho tirado um pouco do meu tempo para ajudar o meu irmão a ter também dignidade de filho de Deus? Estou amando e cuidando da vida espiritual da minha família? Tenho valorizado a vida como dom de Deus? Tenho feito o bem e praticado a caridade e a justiça?
Mesmo no contexto de uma sociedade ordeira e trabalhadora, temos muitas realidades que precisam de um olhar de amor e compaixão. Esse olhar não deve ser vivido na indiferença, mas no agir de forma concreta. Por isso, tomo a liberdade de lançar e propor um desafio neste tempo de Advento. Esse desafio é dirigido aos irmãos e irmãs que, em nome do Senhor Jesus, podem fazer algo de bom pelo outro ou pelos outros. Não tenham medo, abram o coração e o façam. Convido cada um em particular a refletir e se propor a fazer uma boa ação neste período de Advento, que antecede a Festa do Natal.