Dom Rodolfo Luís Weber 
Arcebispo de Passo Fundo 

 

Cotidianamente ouvimos que tal pessoa tem tantos “seguidores”. Os números variam de alguns para milhões. Encontramos milhares “digital influencer” atuantes nas mais diversas redes sociais e em todas as áreas da sociedade. Em toda a história da humanidade sempre houve influenciadores que geraram seguidores. A era digital potencializou a possibilidade de contatos e acessos. 

A liturgia católica está no início do Tempo Comum. É o período litúrgico onde se lê, reflete e reza o início das pregações de Jesus até a sua paixão, morte e ressurreição. O texto deste domingo (Mateus 4,12-23) relata Jesus convidando pessoas, chamando-as pelo nome e convidando-as para o seguimento. “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”.  

O que é seguimento? Onde pretende levar? Qual a relação entre o “influenciador” e o “seguidor”? Seguir alguém tira a liberdade e a autonomia? É possível cada um ter um caminho totalmente autônomo? Abre-se um espaço para inúmeras perguntas.  

O cristianismo inicia com um convite de Jesus Cristo: “Segui-me”, “vinde a mim”. É uma proposta que é pessoal e direta. Dizer “sim”, significa “converter-se”, voltar-se a quem está convidando, colocar-se no caminho proposto. Segue-se ele para se tornar como ele é, vive, pensa e age. Assume-se as consequências da opção. 

A fé cristã não é antes de tudo uma doutrina ou uma prática: é relação pessoal com Jesus, uma relação de amor. É permanecer com, ficar ao lado. Silvano Fausti, comentador do Evangelho de Mateus diz: “O amor se exprime em ouvidos que escutam, olhos que veem, pés que seguem, mãos que tocam, faro que cheira, boca que saboreia, coração que canta, é o centro do cristianismo”. 

No convite para o seguimento está embutido a proposta de um “caminho” que leva a produzir  frutos. Eles são a última prova se escolha foi certa ou não. Cristo propõe-se como o caminho e convida os seus seguidores a fazerem as mesmas vivências.  

A chamada dos apóstolos começa em duplas até formar um grupo, que vai crescendo, até constituir uma multidão. Esta metodologia aponta para a fraternidade, para viver e conviver com os outros nas mais diversas situações. Nos últimos séculos tivemos uma valorização do indivíduo, com seus direitos e liberdade, mas que, em muitas situações gerou virou um individualismo. Viver de forma individualista é matar a terra. 

 Isto também acontece com os seguidores de Jesus Cristo que foram convidados para viverem em comunhão e união, mas agem de forma individualista. Na 1ª Carta aos Coríntios 1,10-17, São Paulo reclama das divisões internas da comunidade geradas pelo seguimento das pessoas erradas. Isto é, os fiéis seguem os pregadores e não seguem Jesus Cristo. Ele é a causa e a fonte da unidade. 

Jesus que transformar os seus seguidores em “pescadores de homens”. O pescar um peixe é matá-lo e utilizá-lo em proveito do pescador. O “pescador de homens” faz o movimento inverso, a tarefa é salvar o homem, doar-se por ele ou até morrer por ele, como fez Jesus. 

Não faltam influenciadores digitais e outros convidando para o seguimento. Também Jesus nos chama pelo nome e convida a segui-lo. A escolha é minha, é tua. 

 

 

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