Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Diocesano de Uruaçu (GO)

Ser santo é uma vocação que está ligada ao Sacramento do Batismo. Todas as pessoas  são chamadas a se santificarem. Toda ação da Igreja visa a santificação das vidas. O pecado é o grande estorvo para a santificação. Buscar a libertação do pecado pessoal e social é uma necessidade para que a vida seja mantida no processo de santificação. A pessoa santa nunca se considera santa, mas sabe que na sua imperfeição está um  caminho aberto para Deus e, por isso pede perdão pelas suas falhas e seus pecados.

Recentemente o papa Francisco através da sua Exortação Apostólica, “Gaudete Et Exultate”, fez uma  chamada para as pessoas serem santas no mundo atual. Assim ele se expressou: “O meu objetivo é humilde: fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com  os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós “para ser santo e irrepreensível na sua presença,  no amor” (cf Ef 1,4)” (GE 2).

Como nós frágeis pecadores podemos trilhar os caminhos de santificação? O Papa lembra que “nos processos de beatificação e canonização, tomam-se em consideração os sinais de heroicidade na prática das virtudes, o sacrifício da vida no martírio e também os casos em que se verificou um oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até a morte” (GE 5). Aí está uma boa dica para se construir a santidade de vida pessoal. Procurar praticar as virtudes de tal forma que elas se tornam forças santificadoras. Algumas pessoas passam pelo martírio do derramamento de sangue, mas a grande maioria vive seu martírio diário na sua vida em família e na sociedade. Por fim existem muitas pessoas que oferecem suas vidas em favor dos outros.

Um jeito de oferecer a vida é amar sem esperar recompensa. Quem espera reconhecimento, ou recompensa pode se frustrar, pois o elogio, o reconhecimento pode não vir. A pessoa que está buscando sua santidade de vida nunca fica esperando algo dos outros, mas é sempre ela a dar o primeiro passo.

Existem muitos sinais de santidade no meio da vida humana. Hoje os meios de comunicação divulgam tragédias e muitos sofrimentos. No meio destas dores estão muitas pessoas com belos testemunhos de santidade. São pessoas de oração e de doação generosa de suas vidas.

“Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde se encontra” (GE 14). Conta-se que um homem estava morrendo e começou a pedir a chave do Céu. Trouxeram imagens de santos, a Bíblia e ele continuava pedindo a chave do Céu. Até que enfim alguém se lembrou que aquele homem tinha sido alfaiate e então trouxeram-lhe a tesoura e a agulha com a linha, ele serenou-se e morreu em paz. Ele se santificou no serviço. O trabalho feito com amor pode ajudar na santificação. “Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo” (GE 33).

Para se santificar é preciso deixar-se envolver no Mistério de Deus. “Dissemos tantas vezes que Deus habita em nós, mas é melhor dizer que nós habitamos n’Ele, que Ele nos possibilita viver na sua luz e no seu amor. Ele é nosso templo” (GE 51). Como dizia Dom Helder Câmara, também nós podemos  dizer: “Deus é meu endereço. Moro em Deus”.

Penso que uma boa leitura desta Exortação Apostólica vai ajudar a aprofundar esse tema da santidade e cada santo vivo poderá, com seu testemunho, ajudar este mundo ser melhor.  O santo é uma pessoa que vence desafios.

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