Entre outros conflitos de interesse que enfrentamos na sociedade encontram-se a concentração de riquezas e a falta de oportunidades de qualificação para o trabalho gerando ocupação e renda. Nos países emergentes como o Brasil, a desocupação e o desemprego sofrem uma reação positiva ante os efeitos da globalização. Diante do fato consumado da globalização é preciso preparar mão-de-obra qualificada e não ficar maldizendo a Deus e ao mundo. A pobreza e a miséria devem ser enfrentadas. Não, porém, com a eliminação de gente e sim aumentando a capacidade de produzir alimentos. Todos sejam bem-vindos ao banquete da vida, com afeto e segurança.
Recentemente foram realizados vários congressos, incluindo a questão da destruição dos biomas, da necessidade de produzir alimentos, superando a fome e o preço inacessível aos alimentos de primeira necessidade. Muitos líderes mundiais debatem a contradição de aproveitamento de áreas para a produção de alimentos e a necessidade de sustentação energética, apelando para a produção de bio-combustíveis. O posicionamento do governo brasileiro e a presença do presidente Lula têm sido marcantes pela sensatez com que se expõe a equação da questão controversa. Utilizando uma linguagem profundamente solidária e cristã, nosso governo se dispõe a investir na produção de alimentos.
O presidente Lula nos deu a entender que o momento do programa “Bolsa Família” deve caminhar para a sua finalização, porquanto se produza alimentos para o mercado interno e externo. Será preciso investir na produção de alimentos com a capacitação de mão-de-obra, equacionando o fenômeno do empobrecimento e do desenvolvimento com justiça social. As novas tecnologias, a competitividade, o aproveitamento de recursos naturais, sem exaurir o eco-sistema e o bioma.
Há um surto inflacionário recente. Haverá outro surto ou “susto”, depois mais outro… Assim se tenta driblar as contradições, enfrentando-as. Afirma o presidente Lula que a produção de bio-combustíveis (originados da cana-de-açúcar e mamona) não interfere nem compromete a produção de alimentos. O Brasil dispõe de áreas enormes para a expansão da fronteira agrícola. Pois então que se invista pesado nisso! Se há recordes de produção agropecuária, que haja investimentos mais sérios na produção de alimentos de primeira necessidade. A agricultura familiar deve receber maiores incentivos, dotando-se de infra-estrutura adaptada para redes produtivas, pois pequenas propriedades e as de médio porte são as responsáveis pela produção no nosso arroz, feijão, leite, milho, com os quais se produz tantos derivados. No Nordeste acrescente-se a macaxeira, o inhame, a palma, além de frutas nutrientes inigualáveis, e de sabor paradisíaco.
Estamos em ano eleitoral. Cabe o pleito dos eleitores no sentido de medidas efetivas de incentivo à produção agropecuária e hortigranjeira, além da agricultura familiar. Pequenos e médios produtores tenham acesso ao crédito, à orientação de pesquisas e novas técnicas de produção, seguro agrícola, instrução para operar em cooperativas, facilitando a absorção no comércio local, regional, interestadual, com garantias de preço. Combate-se a miséria e a fome com capacitação para o trabalho produtivo, não apenas com programas que podem acostumar mal a quem, depois, não quer mais trabalhar, fadando-se ao atraso, achando que “a vida é malvada e que não adianta fazer nada”, como dizia o Jeca Tatu.