“Todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3,28d)

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos (RJ)

O tema do mês da Bíblia, deste ano, é a Carta de São Paulo aos Gálatas; e o lema, a frase que constitui o título desta reflexão. A comunidade da Galácia, como o Brasil de hoje, estava profundamente dividida a respeito da vivência da fé cristã e o que significava a liberdade que Cristo veio trazer com a nova lei do Espírito e da graça.

Após ter participado, por assim dizer, de uma das comemorações do dia da Independência Nacional, mais tensos e tumultuados, acredito que essa Carta tem algo a nos dizer. A consciência e a identidade nacional é um legado permanente que reúne tradições, princípios e valores que foram construídos na forja da emancipação pátria. Certamente, a legenda da nossa bandeira, Ordem e Progresso, está a lembrar da importância do respeito à Constituição, o Estado de Direito e da Democracia, conquistadas não com pouco empenho e dificuldades.

A palavra Progresso, trás sempre os desafios dos tempos em melhorar e aperfeiçoar as instituições e a própria Democracia, mas sempre significa acrescentar, somar, crescer e não eliminar de forma autoritária ou arbitrária o sonho dos brasileiros e brasileiras de viverem numa Pátria justa, fraterna e inclusiva, que protege e cuida da vida de todos/as porque, como afirma o lema paulino, todos somos um em Cristo.

O Cruzeiro do Sul, no céu da nossa bandeira, está a referenciar o sinal da Cruz presente no primeiro nome da nossa Pátria: Terra da Santa Cruz. Para vencer a polarização do ódio e do autoritarismo, que cria agendas que, seguindo aos engenheiros do caos, intimidam e confundem, torna-se necessário, como ensina o Papa Francisco, na Fratelli Tutti e São Paulo, na Carta aos Gálatas, retomar a cultura do encontro, do diálogo, que edificam a amizade política e social, aproximando as pessoas, empoderando-as para serem sujeitos do seu próprio destino, protagonistas da construção da civilização do amor, de uma democracia viva, plural, livre dos apelos que nos vêm de um passado tenebroso: um líder, um povo e uma nação.

A unidade se constrói no debate público, no respeito, e por certo na caridade política de quem quer servir e não manipular. Que vivamos intensamente este convite e chamado à verdadeira liberdade cristã, a serviço do bem comum e dos pobres. Deus seja louvado!

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