Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Celebramos neste final de semana o Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum. Já estamos chegando ao final de mais um ano litúrgico. As passagens bíblicas falam sobre a parusia. Não somos eternos, mas vamos morrer, com toda a certeza! E Jesus nos aconselha a vigilância para receber o Esposo e entrar no salão de festa! Jesus nos diz: “Levantai vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação!” (Lc 21,28). Todos temos medo de morrer porque não somos iluminados pela Palavra de Deus; somente a Palavra de Deus fala de libertação e de festa de casamento: “Eis o noivo está chegando. Idea seu encontro”. Somos convidados para um banquete, mas precisa estar vigilante e com as lâmpadas acesas.
A primeira leitura – Sb 6,12-16 – nos mostra que os judeus, em contato com a cultura grega, terminam perdendo a fé nas Promessas de Javé. O profeta que escreveu o Livro da Sabedoria que ajudar o povo a dialogar com a sabedoria grega sem perder o essencial de sua fé na Lei do Senhor. É um espelho de nossa situação: vivemos no mundo moderno, mas não podemos perder a fé na Palavra de Deus. “A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram” (Sb 6, 12-13).
Na Segunda leitura – 1 Ts 4, 13-18 – neste domingo a primeira Carta aos Tessalonicenses é o mais antigo escrito contido no Novo Testamento. São Paulo a escreveu à Igreja de Tessalônica, que ele fundou, acompanhado por Timóteo, na segunda viagem missionária, por volta de 50 d.C. Paulo teve logo de seguir para Atenas (At 17,1-9) e, de lá, enviou Timóteo para ver como estava a jovem comunidade. Reencontrou Timóteo de volta em Corinto e, em reação às suas notícias, escreveu esta carta com orientações para a comunidade de Tessalônica. Os Tessalonicenses se perguntavam o que aconteceria com os fiéis que já morreram, no dia da Parusia que se esperava para breve. Eles ficariam privados da alegria do reencontro com Jesus? Os que estiverem com vida, responde Paulo – incluindo-se entre estes – não terão nenhum privilégio em comparação com aqueles que já morreram. A estes, Deus ressuscitará primeiro, para que todos juntos se alegrem com a manifestação de Cristo. O carinho de Deus não aquece os falecidos.