Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba
Todas as pessoas percorrem um caminho profundamente marcado por alegrias e sofrimentos. Está nas alegrias o otimismo do seu momento, mas nas tristezas pode ocorrer o derramamento de lágrimas, os diversos sofrimentos e a baixa autoestima. Tudo isso revela o sentido mistérico da vida, até para concluir que ela não se satisfaz sozinha. Sua plenitude está fora de si mesma.
Jesus, em suas palavras, diz que Deus é o Deus da vida. Ele não se conforma com as práticas que conduzem à morte não natural. Essa realidade está presente no modelo de sociedade dos últimos séculos, que envolve situações de insustentabilidade, deixando a população com “antena ligada”, insegura e totalmente ferida na expectativa de um futuro de esperança promissora.
As pessoas têm uma identidade, uma tradição, sua cultura e religião. A prática constante da migração costuma desarticular essa riqueza e deixar que as pessoas fiquem desestabilizadas e feridas em sua dignidade. A confiança em Deus é o principal caminho de sustentação, porque Ele é o aliado do povo e é capaz de fazer gerar a vida mesmo num contexto de insegurança e morte.
O triunfo da vida tem sua total plenitude na promessa da ressurreição. A vida, no tempo presente, se arrasta no meio de sofrimento, de “gemidos”, traduzidos nas palavras de Paulo (cf. Rm 8,22). Isto está evidente na vida de quem sofre as catástrofes, como é o caso dos atingidos pelas barragens assassinas. Os sobreviventes remoem uma profunda amargura pela perda de entes queridos.
Terminado o Sínodo da Amazônia, depois de longos dias de intensa reflexão e estudo sobre o sentido da vida e da fé nesse espaço sagrado, fica agora a sensação de que a evangelização precisa reencontrar ali o seu real caminho missionário. Os diversos aspectos referentes ao religioso e ao ecológico estão totalmente interligados, fazendo parte da história dos moradores amazônicos.
Os itinerários da vida percorrem pistas divinas e são guiados pelo Espírito Santo de Deus-Pai. Desta mesma forma acontece nas comunidades cristãs comprometidas com os ensinamentos de Jesus Cristo, onde o enfoque da vida tem dimensão coletiva e comunitária. É justamente por isso que o Evangelho diz explicitamente que Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos (cf. Lc 20,38).