Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)
O 12º Domingo do Tempo Comum, Ano C, nos convida a refletir sobre a identidade de Jesus como o Messias e o chamado a segui-lo, assumindo nossa cruz com coragem e confiança. As leituras nos desafiam a reconhecer Cristo como o Salvador e a viver uma fé autêntica, que se manifesta em ações concretas de discipulado, mesmo diante das dificuldades.
A leitura do profeta Zacarias (Zacarias 12,10-11; 13,1) fala de um povo que, ao contemplar aquele que foi trespassado, experimentará um profundo arrependimento e receberá a graça da purificação. Essa passagem aponta para a paixão de Cristo, que, por meio de sua cruz, abre uma fonte de salvação para todos. É um convite à conversão, a reconhecer o amor sacrificial de Deus e a acolher sua misericórdia, que lava nossos pecados e nos renova.
Paulo (Gálatas 3,26-29) nos ensina que, pelo batismo, somos todos filhos de Deus em Cristo Jesus. Não há mais divisões entre nós — sejam étnicas, sociais ou de qualquer espécie — porque todos somos um em Cristo. Essa leitura nos desafia a viver a igualdade e a fraternidade, rompendo barreiras e construindo uma comunidade unida na fé, onde cada um é chamado a testemunhar o amor de Deus.
No Evangelho (Lucas 9,18-24), Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizeis que eu sou?”. Pedro responde: “O Cristo de Deus”. Jesus, então, revela que o Messias deve sofrer, morrer e ressuscitar, e convida seus seguidores a tomar a cruz e segui-lo. Esse trecho nos confronta com a necessidade de reconhecer Jesus como o Salvador e de viver o discipulado com coragem, renunciando a si e abraçando os desafios da missão cristã.
As leituras de hoje nos chamam a um compromisso profundo com Cristo, reconhecendo-o como o Messias que nos salva e nos convida a segui-lo. Ser discípulo não é somente professar a fé com palavras, mas viver com coerência, assumindo a cruz do dia a dia com amor e esperança. Para colocar em prática a mensagem da Palavra de Deus, aqui estão três indicações práticas:
Exame de consciência diário: procuremos reservar alguns minutos ao final do dia para refletir sobre nossas ações. Perguntemo-nos: “Hoje, como reconheci Jesus em minha vida? Fui testemunha de seu amor?”. Isso ajuda a viver uma fé autêntica e a nos converter continuamente.
Prática da fraternidade: inspirados pela segunda leitura, busquemos gestos concretos de acolhida e solidariedade, especialmente com aqueles que são diferentes ou que estão marginalizados. Um pequeno ato, como ouvir alguém ou oferecer ajuda, pode refletir a unidade em Cristo.
Aceitação da cruz com esperança: identifiquemos as maiores dificuldades ou desafios em nossa vida e as ofereçamos a Deus com confiança, pedindo forças para carregá-las com paciência e amor. Isso pode ser feito por meio de uma oração simples ou participando da Eucaristia com essa intenção.
Que, ao viver essas práticas, possamos seguir Jesus com coragem e testemunhar sua presença transformadora em nossas vidas e no mundo. Amém.
