As últimas campanhas eleitorais desmascararam a ousadia inominável de narcotraficantes tentando eleger vereadores protetores. A que ponto de decadência nós chegamos, heim! Lembrei-me da tentativa de certos grupos realizarem, recentemente, na capital paraibana (e mais duzentas cidades), a “marcha da maconha”. Seria uma sondagem sobre a reação da opinião pública para definir se a sociedade já está suficientemente podre e admitir um “fato social”: a droga se impõe como fato consumado. Uma desfaçatez! Por outro lado, percebemos entre outras propostas de vereadores, como Geraldo Amorim, projetos de prevenção e combate ao uso de drogas.

Entre os fatores causadores do aumento da violência registra-se o aumento do consumo de crack entre adolescentes e jovens. Entre os 70% das apreensões de drogas está o crack. Os centros de recuperação públicos, procurados por dependentes, registram cerca de 90% de usuários viciados no tal do crack. A ajuda para se sair dessa não chega para quem mais precisa. Nossa preocupação torna-se um pesadelo, pois a droga domina e se faz presente como pandemia.

Como fazer para que cada um de nós cidadãos participe da erradicação do uso de drogas, que destrói pessoas, famílias e a sociedade toda? Nossa preocupação, como formadores de opinião, obriga-nos a admitir que entre os consumidores adolescentes e jovens estão vítimas de todas as camadas sociais. Sejam os mais pobres, os provenientes da classe média ou os mais ricos, a droga os destrói e, com isso, destrói-nos também! Os pais são os primeiros responsáveis pela formação dos filhos, sejam crianças, adolescentes ou jovens. Entretanto, a maioria dos genitores ou responsáveis não sabe o que fazer para erradicar essa pandemia que os vitima também.

Os efeitos do crack comprometem totalmente o estado de saúde física e psíquica das pessoas. Não tem para onde escapar! Qualquer documentário sério não deixa dúvidas a respeito da destruição rápida do organismo, de forma assustadora. Não há restauração para os danos que o crack produz no cérebro e no sistema nervoso! A dependência da química do crack leva a vítima ao desespero alucinador. A degradação física e os danos morais são irreversíveis! Daí os dependentes desesperados obedecerem passivamente às ordens dadas pelos que os dominam, ou seja, aos que promovem direta e indiretamente o narcotráfico, em maior ou menor escala.

Não há dúvidas de que a droga impulsiona a violência, sendo a propulsora do crime organizado. As estatísticas policiais demonstram, pelos relatórios, como os usuários perdem o equilíbrio psíquico, descontrolam-se totalmente, adquirem reflexos condicionados expressando muita agressividade e crueldade. Enfim, a droga é geradora de criminosos. Comprovadamente o recrudescimento intensivo da violência é resultante do narcotráfico!

Duas perguntas sem resposta imediata. Mães desesperadas convivem com o drama dos filhos tóxico-dependentes que agridem todo mundo. Mães e familiares não têm controle sobre as vítimas da droga. Além do mais, os familiares dificilmente possuem condições financeiras para bancar tratamento aos que aceitam procurar ajuda. Tratamentos custam caro e existem poucos centros de recuperação. O Estado não pode bancar uma infra-estrutura gigantesca para garantir tratamento curativo. Deve investir na prevenção do uso da droga, além de gerar ocupação e renda para adolescentes e jovens inserindo-os no mundo do trabalho!

Em toda cidade grande o clima de insegurança torna-se obsessivo. Você tem medo até da sombra, pelo avanço de assaltos, muitos deles seguidos de assassinatos. Até por perto das igrejas você não sabe se vai ser assaltado, como aconteceu com várias senhoras na igreja de São Pedro Pescador, em João Pessoa. Também pudera. Os soldados do tráfico estão por perto, garantidos por informantes que se acostam às sacristias e sabem muito bem quem são os freqüentadores.

Dom Aldo Di Cillo Pagotto

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