Um Deus fiel às suas promessas 

Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)

 

É Natal! O Menino Deus nasceu, chegou. E nos alegramos pela vinda do Filho de Deus feito Homem. Ele é a nossa paz, Ele nos revela Deus como sentido de nossa existência. A sua vida é o sinal exemplar do desejo de Deus de unir-se ao homem e à mulher, estabelecendo uma união indissolúvel, uma comunhão vital, uma relação cheia de graça e de encanto. 

Nessas quatro semanas do Advento fomos preparados para a celebração da vida de Deus ao nosso encontro. Trata-se de uma vinda especial, pois, já no Antigo Testamento, vemos como Deus entra na história da vida do povo de Israel, escolhido para ser sinal ou sacramento de sua presença universal. Criação, aliança, Lei, mandamentos, reinados, vocação, encontros, renovação da fé, profecias, são os muitos conceitos que indicam a trajetória do povo de Israel com seu Deus. E as profecias indicavam que Deus não apenas queria estar presente, mas ser presença concreta na vida, não somente de Israel, mas da humanidade inteira.  

Deus promete enviar o Messias. Ele é aquela descendência da mulher que esmagará a cabeça da serpente (cf. Gn 3,15); é o fruto da virgem, o filho que se chamará Emanuel, Deus conosco (cf. Is 7,14); é aquele que realizará o oraculo dos profetas que indicam que Deus mesmo desce para agir em relação às suas ovelhas (cf. Ez 34,11-16; Is 40,11); Ele dará o que Deus prometeu: um coração novo, um espírito novo (cf. Ez 36,26; 11,19-20; 39,29); Ele é o novo Davi, aquele que traz a harmonia da natureza, pois, repleto do Espírito Santo, tudo governará com justiça e retidão (cf. Is 11,9); Ele é o justo, aquele que desce do céu como orvalho, como nuvem que deixa cair a chuva (cf. Is 45,8) Ele realiza a definitiva renovação da aliança, tornando-a eterna, na revelação do supremo amor de Deus pelos homens e mulheres, chegando a demonstrar isso como um “pai com entranhas de mãe” (cf. Is 49,15) e que, para sempre, escreveu nosso nome na palma de sua mão (cf. Is 49,16). 

Deus veio ao nosso encontro. Ele realiza a sinodalidade, pois quis caminhar conosco. “Deus se muda para viver em nossos corações, como um dia mudou para o mundo, em Belém, mas agora mais ainda, mais intimamente do que antes. Abramos, pois, as portas de nosso coração, que entre em sua propriedade como entrou pela primeira vez no mundo. E nesse momento ele nos diz o que disse por ocasião de seu venturoso nascimento no mundo em sua totalidade: aqui estou, aqui estou a teu lado. Eu sou teu tempo. Eu sou a melancolia de tua vida cotidiana, por que não a queres suportar? Eu choro tuas lágrimas, chora-me as tuas, meu filho. Eu sou tua alegria, não temas estar contente, pois desde que eu chorei, tua alegria é um sentimento mais realista do que a angústia e a tristeza dos que dizem não ter nenhuma esperança” (Karl Rahner. Meditações sobre o Natal). Celebrar o Natal é fonte de renovação para nossa vida. Jesus nasceu em Belém para permanecer conosco. Por isso, a paz que Ele traz deve ser levada a todos e ninguém pode ser excluído dessa mensagem.  

Contemplar a ternura divina, no mistério do Natal, significa para todos os que creem em Jesus que Deus é fiel às suas promessas. E em Jesus elas se cumprem. Nele, encontramos a luz que necessitamos para ser e agir: na realidade o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição pastoral Gaudium et spes, 22). Por isso, conclamo a todos os fiéis católicos: vivam o Natal com alegria, recebam o dom de Deus que nasce para todos nós.  

 

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