Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

Convivemos com a violência diuturnamente, sofrendo na pele os atos agressivos de assaltos e roubos e, na mente, a pressão causada pela força psicológica e agressiva da mídia. É um dos comportamentos causados pelo sistema econômico excludente, que deixa muita gente na situação de impotência e na incapacidade para gerir naturalmente sua vida de forma digna e saudável.

A Igreja e a sociedade estão preocupadas com a realidade da violência. A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema: “Fraternidade e superação da violência” e o lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). A fonte dessa superação é encontrada em Jesus Cristo, o “Príncipe da Paz”. Para os seguidores de Jesus, a postura de coragem deve caminhar junto com a força da ternura.

Não conseguimos combater a violência com armas letais, ou com outro tipo de violência, mas com a prática do amor e da fraternidade, conforme nos ensina Jesus no Evangelho. Violência de amor, diferente de vingança e de ódio realizado contra pobres, moradores de rua, migrantes, negros, indígenas etc. Espera-se que o tema da violência seja bem refletido nesse ano de 2018.

O mundo está realmente muito violento e distante da verdadeira paz. Se o desenvolvimento é o novo nome da paz, no dizer do Papa Paulo VI, não conseguimos entender o que é verdadeiro desenvolvimento. Não é suficiente o avanço tecnológico se não crescemos na cultura do relacionamento fraterno. As pessoas se tornaram egoístas, vendo o outro como perigo e não como irmão.

Ao refletir sobre a violência a Igreja está dizendo que não cabe ao cristão usar a bandeira do ódio e da agressividade, mesmo sabendo não ser fácil agir com amor em determinadas circunstâncias. A arma de Jesus contra os agressores foi o perdão, a compaixão, chegando até dizer que “todos os que usam da espada, pela espada morrerão” (Mt 26,52). Ele teve atitude radical e determinante.

As realidades da cultura moderna precisam ser iluminadas pela luz da Palavra de Deus. As estatísticas da violência no Brasil crescem assustadoramente, revelando distanciamento dos princípios cristãos e incapacidade da administração pública na condução do processo gerencial. A Campanha da Fraternidade cria espaço para que o tema da violência seja discutido para tomar novo rumo.

 

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