Nesta 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, diariamente há encontros com jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé. No primeiro dia, estiveram presentes o presidente delegado do Sínodo, arcebispo de Paris, cardeal Vingt-Trois, e o secretário-especial, arcebispo de Chieti-Vasto, na Itália, dom Bruno Forte.
Ao ser questionado sobre uma eventual necessidade de mudanças doutrinais, dom Forte afirmou que a doutrina não tem um valor abstrato em si mesma, mas sim quando anunciada às pessoas. “Mas a doutrina é uma mensagem de salvação. No centro da doutrina está a caridade de Deus, está a misericórdia. Creio que este seja o ponto fundamental: dizer aquela que é a fé da Igreja – e certamente sobre isto não é que a fé da Igreja muda – mas dizê-la olhando as pessoas concretas reais, para que essa não seja sentida como uma vara que te julga, mas como um olhar de amor e de misericórdia que te alcança.”
Dom Forte ainda referiu-se ao papa Francisco como alguém que acredita muito na sinodalidade e fez um breve resumo da história recente das assembleias sinodais. “O papa Francisco crê fortemente no valor da sinodalidade, literalmente no caminhar juntos e, portanto, já na sua intervenção desta manhã – como notaram – este forte chamamento à liberdade, à ‘parresia’, ao fato de que cada um deve falar verdadeiramente aquilo que lhe está no coração, aquilo que sente urgente para a Igreja de hoje”, declarou.
Já o presidente delegado, cardeal Vingt-Trois, ressaltou que o Sínodo não deve ser comparado a um parlamento, onde procura-se o apoio da maioria. “Estamos ali para trabalhar com o fim de fazer crescer uma vontade comum, não de decidir, praticamente, o que fará cada uma das dioceses do mundo. Seria completamente ilusório. A vontade comum será a de mobilizar-se sobre objetivos mais precisos e claros possíveis e colocar em prática nas Igrejas particulares”, concluiu o arcebispo.
Coletânea sobre a família
Todos os participantes do Sínodo Extraordinário sobre a Família foram presentados com a obra Enchiridion da família e da vida, publicada pela Editora do Vaticano. A obra reúne centenas de documentos conciliares e magisteriais relativos à vida familiar desde o Concílio de Florença, em 1439, até os mais recentes pronunciamentos do papa Francisco, abrangendo um total de 13 pontificados. A coletânea reúne encíclicas, cartas, discursos, constituições apostólicas, homilias e mensagens radiofônicas, tudo que atesta a continuidade de uma tradição que, a partir da Bíblia, tem se desenvolvido ao longo da história humana, em meio a épocas e culturas, experiências eclesiais, atenções pastorais e reflexões teológicas.
Na introdução do material, escrita pelo presidente do Pontifício Conselho para a Família, arcebispo Vicenzo Paglia, ele afirma que, desde a origem, a Igreja sentiu a responsabilidade de auxiliar as famílias cristãs a viverem segundo os princípios evangélicos. “O próprio desenvolvimento do cristianismo aconteceu por meio da rede de famílias: isto demonstra a estreita relação entre a vida da Igreja e a vida das famílias cristãs”, destacou. De acordo com dom Paglia, as dificuldades históricas do matrimônio e da família, em nível cultural, civil e eclesial são hoje um novo desafio e um tempo oportuno para toda a Igreja.
Com informações e fotografia da Rádio Vaticano