Celebração final do Encontro de Santarém

Cerca de 1.200 pessoas lotaram na noite da última sexta-feira, 6 de julho, a igreja do Santíssimo Sacramento, em Santarém (PA), no encerramento do 10º Encontro dos Bispos da Amazônia, que celebrou os 40 anos do Documento de Santarém. Os bispos reafirmaram na celebração a tônica do documento que ratifica o compromisso da Igreja com os povos da Amazônia e a defesa da Ecologia.

“A Amazônia continua sendo um apelo à Igreja, um lugar permanente de missão”, disse dom Cláudio Hummes, cardeal presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia que presidiu a celebração. Segundo ele, a região, por suas características próprias, requer uma atitude profética da Igreja, sobretudo considerando que estas terras sempre foram vistas como uma fonte de riquezas exploradas continuamente.

O profetismo, disse o cardeal, exige atitudes que estão relacionadas à promoção humana. “A promoção humana faz parte da evangelização e para que isso aconteça é necessário combater toda forma de opressão sobre o povo”. No final, dom Cláudio declarou que o encontro lhe fortaleceu o ardor missionário e reconheceu vigor da Igreja nesta região.

O evento contou com a participação do secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, de 35 bispos e dezenas de religiosos e lideranças, dentre estes alguns que estão sob constante vigilância de segurança em virtude da postura em defesa dos povos – denúncias contra a exploração sexual de crianças, adolescentes e mulheres, tráfico de drogas e de pessoas, trabalho escravo – e por denunciarem a exploração ilegal dos recursos da Amazônia.

A celebração teve um tom festivo, com elementos simbólicos evidenciando as características da região, pelo desfecho do evento histórico. Momento de tal envergadura aconteceu em 1972, quando os bispos lançaram a Carta de Santarém em que definiram o pensamento unânime quanto à ação da Igreja na Amazônia.

Naquela ocasião a região era vista como uma “terra abandonada”. Com essa visão, o governo federal implantou um programa de colonização com o lema “homens sem terra para terra sem homens”. Grandes estradas foram abertas, dentre estas a Transamazônica, e no entorno destas grandes rodovias foram criadas agrovilas que, posteriormente, com o avanço populacional, se tornaram cidades.

O documento firmado pelos bispos 40 anos atrás, via profeticamente o que viria a acontecer no futuro próximo. A visão da igreja da época veio a se consolidar com a exploração da Amazônia e de seus povos.

Agora, o documento de 2012, reconhece que, embora se registrem avanços no campo social e político, as explorações também acompanham essa proporção.

O documento final – no formato de carta ao povo – foi lido na celebração pelo arcebispo de Manaus, Dom Luís Soares Vieira, destacando o compromisso missionário, profético e com os povos da região. O documento oficial será publicado posteriormente.

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