Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

 

 “Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo” é a denominação completa da solenidade que conclui o Ano Litúrgico. Numa representação grandiosa é apresentada a soberania de Deus como pastor e rei. Apresenta-se como pastor que guia e governa o mundo inteiro e na figura de rei que julga e pronuncia a sentença definitiva e irreversível sobre todos os homens. Em ambos os casos, sobressai o amor como a regra de ouro da sabedoria divina e medida de qualquer juízo para pertencer de forma definitiva a Deus que está nos céus.

O livro de Ezequiel 34, 11-12.15-17 e o Salmo 23/22, da liturgia de Cristo Rei, sobressai a imagem de Deus Pastor. “Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas … vou resgatá-las … vou apascentar… fazê-las repousar … vou reconduzir a extraviada … fortalecer a doente e vigiar a gorda. Vou apascentá-las conforme o direito … farei justiça”. O salmo contém a resposta de quem se sabe cuidado. “”O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma”.

A segunda imagem é a de Cristo como rei juiz, o evangelista Mateus 25, 31-46 assim descreve: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”. Uma cena grandiosa, conhecida como “o juízo final”, que vai se desenvolvendo em dois quadros paralelos e opostos. As sentenças são: “Vinde, benditos de meu pai. Recebei em herança que meu pai vos preparou” ou “Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno”.

As duas imagens de Deus como pastor misericordioso e rei que julga definitivamente são complementares. Normalmente, agrada-nos mais a primeira e a segunda, quando mal-entendida, causa arrepios. Porém, antes do julgamento, não se pode esquecer, que houve um cuidado zeloso de Deus para curar, amparar e fortalecer. Além, de longos anos de vida e repletos de oportunidades, mas que um dia terminarão devido a finitude da vida nesta terra.

Este momento da vida é denominado de escatológico. O mundo não é um mecanismo cego, mas um projeto de amor de Deus partilhado com o homem. Fazer da história humana uma história de salvação. O Senhor é o fim da história humana, o ponto onde tendem os desejos e aspirações humanas e que envolve todos os âmbitos da vida: a família, a cultura, a economia, a política, as relações entre os países.

O sentido que Deus quer dar à história e na qual ele convoca o homem também a atuar resume-se no amor. As imagens do Evangelho são muito simples, mas extremamente importantes: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre os critérios com os quais seremos avaliados: dar de comer, de beber, vestir, visitar, acolher, cuidar de doentes. Gestos de amor e de atenção ao próximo que estão ao alcance de todos.

Portanto, com o amor nos tornamos “transcendentes” como Deus, entrando na vida eterna e se ajuda a história a tomar o rumo desejado por Deus. A importância de Deus, importância do homem e a importância da história e do cosmos são três temas da celebração de Cristo Rei do Universo. É também uma oportunidade para procurar a soberania de Deus não na distância, mas no cotidiano e na proximidade ao homem.

 

 

 

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