As Campanhas da Fraternidade (CF) durante o período da Quaresma abordam temáticas que vinculam fé, vida humana e o bem social. A CF do presente ano trata sobre Economia e Vida. O conceito de economia procede do grego “oikós” (casa) mais “nomos” (administração, organização). Lembra-nos o dever de “botar ordem na casa”. Pressupõe-se que cada qual aceite e colabore efetivamente para que, em casa, todos cresçam. Extensivamente aplica-se ao convívio social.
A CF trata sobre a economia à luz da Palavra de Deus, portanto, da fé. A fé ilumina nossa razão e o amor move nossa vontade. A perspectiva da fé e do amor leva-nos a compreender que o trabalho e a produção de bens são necessários enquanto incluem socialmente as pessoas e as famílias numa vida digna. A responsabilidade pessoal torna-se co-responsabilidade social. Ambas correspondem à educação que deve ser ministrada em casa.
A educação caseira incide qualitativamente na coletividade. O corolário negativo é verdadeiro. A omissão ou a falta de educação em casa resulta em pouca ou nenhuma colaboração do indivíduo em relação à coletividade, afinal ninguém dá o que não tem! A existência do ser (esse) antepõe-se ao fazer (aprender a produzir).
Saber fazer bem o que deva ser feito segue-se à qualificação do ser (operare sequitur esse). É preciso aprender a ser para saber fazer bem o que deva ser feito. Ética é fazer o que deva ser bem feito, evitando prejudicar alguém. O conceito de economia é inseparável dos princípios éticos que regem as leis do trabalho e da produção de bens de consumo. Pressupõe-se a formação profissional para um trabalho qualificado, garantia do pão de cada dia.
Não existe economia abstrata. O desenvolvimento das pessoas e o crescimento da sociedade dependem do trabalho que gera ocupação e renda e, portanto, inclusão social. Economia significa produzir bens que sejam bem administrados, tanto na esfera governamental quanto particular. Nos países emergentes constantemente equaciona-se a qualificação para o trabalho e o desenvolvimento sustentável. É indispensável qualificar as pessoas para um ofício digno, tanto em base técnica quanto ética. A ética ensina-nos que o trabalho e a produção visam o bem pessoal e social.
Aplicando concretamente os princípios éticos na economia evita-se priorizar a produção em função da acumulação de lucros de grupos particulares ou estatais, se isto causar exclusão e marginalidade às pessoas. Os valores éticos visam à promoção da vida e dignidade das pessoas em suas necessidades elementares. O “Sistema S” ensina exatamente isso!
Entre os maiores problemas que dificultam o desenvolvimento integral das pessoas e o crescimento social encontra-se o adormecimento de muita gente para o associativismo e o cooperativismo. Muitos querem botar o seu negocinho, sem experiência. Rodam. Individualismo e ignorância. Não aceitam depender ou concorrer com outros. O “Sistema S” visa exatamente superar essa mentalidade atrasada e paralisante.