Dom Paulo Antônio De Conto
Administrador Apostólico da diocese de Nova Friburgo

 

Queridos irmãos, nesta semana que se encerrou celebramos com muita alegria o Jubileu de Diamante da Diocese de Nova Friburgo. Seis décadas que Deus, em sua infinita bondade, tem manifestado a sua graça e cuidado por esta parcela de seu povo.

Num primeiro momento, poderíamos nos questionar sobre os motivos para nos alegrar. Afinal, vivemos um tempo em que, para preservar a nossa vida e de tantos irmãos vulneráveis, somos levados ao consciente isolamento social afim de contermos a eminente ameaça do coronavírus. Tempo no qual tantos tiveram sua vida ceifada por uma enfermidade que assola o mundo inteiro. Tempo onde muitos, infelizmente, se aproveitam do caos que invadiu o planeta para lucrar e conquistar vantagens. Tempo em que a saúde financeira possui mais valor do que o bem estar da humanidade inteira. Muitas são as ocasiões que nos fariam desacreditar da raça humana e de sua salvação.

O Papa Francisco dirigindo-se a toda Igreja ressaltou que “a tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades” (27 mar. 2020). O Santo Padre ainda destacou que este tempo de crise deve nos levar a um profundo exame de consciência e, assim, identificarmos o quanto deixamos esquecida e adormecida nossa fé, a única capaz de alimentar nossa vida e nossa comunidade.

É preciso vencer a tentação de, no meio da tempestade, perder a esperança. Ela deve motivar todos os corações a renovar as virtudes evangélicas e deixar os vícios que apagam da humanidade a “imunidade necessária para enfrentar as adversidades” (idem).

Ao celebrar o Jubileu da Diocese de Nova Friburgo em meio a esta pandemia, somos chamados a ir além das contrariedades e alicerçar nossa esperança no Ressuscitado. Confiar que Cristo está no barco, ele nunca o abandonará (cf. Mc 4, 35-41). Com Ele nunca iremos soçobrar.

Se faz necessário neste contexto viver o presente, contemplando nossa história e refletindo sobre quantas tempestades o Senhor nos ajudou a suportar. Assim, inebriados pela alegria de testemunhar um Deus sempre presente, construirmos um futuro de paz e fraternidade.

Olhar para frente significa ter coragem de lançar as redes em águas mais profundas. É na unidade que conseguiremos as maravilhas do Senhor. É nossa missão ser testemunhas do Amor. A fraternidade cristã vivenciada no cotidiano e fortificada nos momentos difíceis é fundamental para que o mundo creia.

Vivendo com decisão e responsabilidade a “Igreja doméstica”, iniciamos um tempo novo. Nesta hora tão sofrida, unidos em família, olhamos para o Cristo, libertador e ressuscitado, clamemos por nossas vidas e saúde para todos. Mas também, o glorifiquemos por estar sempre presente alimentando nossa fé para suportarmos o balanço forte das ondas.

Deixemos, pois, reacender em nós a fé, a esperança e a caridade!

 

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