O Centro Cultural de Brasília (CCB) sediou, na noite do dia 27 de maio, o II Painel da Cultura de Convivência: Desafios e Soluções, uma iniciativa conjunta do Instituto pelo Diálogo Intercultural, do Centro Islâmico e de Diálogo Inter-religioso, do Grupo de Cooperação Internacional de Universidades Brasileiras (GCUB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Com o objetivo de promover a cultura da paz e refletir sobre os obstáculos e caminhos possíveis para uma convivência harmônica, o evento reuniu representantes de diferentes tradições religiosas, lideranças sociais, pesquisadores e pessoas comprometidas com a promoção da fraternidade.

Um dos convidados para compor um dos painéis foi o assessor da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB, padre Marcus Guimarães. Em uma de suas falas, ele destacou que “na cultura do encontro, não contam a diplomacia nem os cargos, mas o olhar no rosto do outro, sem desconfianças e julgamentos”.
Com base no legado do Papa Francisco e na recente chegada do Papa Leão XIV, padre Marcus reforçou a urgência de um novo tempo de diálogo, conforme afirma o Papa Leão XIV:
“O tempo presente é de construção de pontes. Papa Francisco foi o Papa da Fratelli Tutti, cultivando relações interpessoais que não diminuem os vínculos eclesiais, mas os fortalecem” .
Referindo-se ao Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em Abu Dhabi em 2019, padre Marcus propôs três pilares para a cultura da convivência: “diálogo como caminho, colaboração como conduta e conhecimento mútuo como critério”. Segundo ele, é a conversão do coração que impulsiona o verdadeiro progresso no diálogo.
O assessor da Comissão para o Ecumenismo também fez críticas ao aumento do individualismo, do fundamentalismo e da violência religiosa. Ele destacou especialmente a perseguição às tradições de matriz africana, classificando a atitude como “racismo religioso em crescimento”. Para ele, as comunidades religiosas precisam superar a indiferença e assumir o diálogo ecumênico e inter-religioso como dimensão essencial de sua fé e missão.
Em sua intervenção, padre Marcus apresentou exemplos concretos de iniciativas ecumênicas e inter-religiosas que devem ser valorizadas, como a Campanha da Fraternidade, que em 2024 abordou o tema “Fraternidade e Amizade Social” e, em 2025, reflete sobre a “Fraternidade e Ecologia Integral”. E ainda a atuação da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) com seus 51 anos de história, apoiando pequenos projetos sociais e populares em todo o país.
Ele encerrou com sugestões práticas, como intensificar a oração inter-religiosa, promover formação para o diálogo, cultivar a escuta respeitosa e manter viva a consciência de que todas as religiões estão a serviço da humanidade:
“Na cultura de convivência entre as religiões, devem sempre estar presentes as vozes do mundo e do povo. Somos servidores”.
Além da palestra, o painel contou com dois blocos temáticos de discussão: “Desafios e principais barreiras diante da cultura de convivência” e “Caminhos e propostas para promover a cultura da paz”. Participaram também da iniciativa a irmã Rosita Milesi, do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), a irmã Eliane Santana, assessora da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB e o padre Antônio Niemec, do Centro Cultural Missionário (CCM).
Por Larissa Carvalho
