O papa Bento XVI recebeu ontem, 10, na Sala Régia do Palácio Apostólico Vaticano, os integrantes do Corpo Diplomático creditado junto à Santa Sé. Na ocasião o papa disse que a religião não constitui um problema para a sociedade atual e nem deseja intervir em “âmbito alheio a sua missão”. “A Igreja não é um fator de perturbação ou de conflito. Quero repetir que a Igreja não procura privilégios, nem deseja intervir em âmbitos alheios à sua missão, mas simplesmente exercer a mesma com liberdade”, explicou.
Bento XVI reuniu-se com os embaixadores para desejar bons votos de início de ano. Ele também aproveitou a ocasião para fazer uma espécie de “viagem panorâmica” sobre diversos países do mundo, ressaltando a situação do direito à liberdade religiosa e da vivência da fé nesses lugares.
A verdade, o bem, a felicidade, a vida em plenitude que cada homem busca, consciente ou inconscientemente, são-lhe concedidos por Deus. “A dimensão religiosa é uma característica inegável e irrefreável do ser e do agir do homem, a medida da realização do seu destino e da construção da comunidade a que pertence”, disse.
Ao fazer alusão ao tema da Mensagem para o Dia Mundial da Paz papa Bento XVI salientou que a paz é construída e conservada apenas se o homem pode livremente procurar e servir a Deus.
Ele também explicou que o peso particular de uma determinada religião numa nação “não deveria jamais implicar que os cidadãos pertencentes a outra confissão fossem discriminados na vida social, e tampouco a violência contra eles pode ser tolerada. E importante que o diálogo inter-religioso favoreça um compromisso comum por reconhecer e promover a liberdade religiosa de cada pessoa e de cada comunidade”, acrescentou.
Liberdade religiosa
A liberdade religiosa significa também “garantir que as comunidades religiosas possam agir livremente na sociedade, com iniciativas nos setores social, caritativo ou educativo. Pode-se constatar por todo o lado, no mundo, a fecundidade das obras da Igreja Católica nestes âmbitos”, indicou o Pontífice.
Bento XVI falou que não se pode criar uma escala na gravidade de intolerância com as religiões “onde atos discriminatórios contra cristãos sempre são aqueles que se consideram menos graves” para que se possa assegurar o pleno respeito da liberdade religiosa para todos.
Ele também sublinhou o perigo de se querer colocar em contraste o direito à liberdade religiosa e outros direitos humanos, bem como contrapor esse direito com pretensos direitos, “que, na realidade, são apenas a expressão de desejos egoístas e não encontram o seu fundamento na natureza humana autêntica”.