Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Celebramos no dia 05 de setembro o Dia da Amazônia, resultado da decisão da 40º Assembléia Geral da CNBB. Momento oportuno para refletir sobre evangelização, preservação da criação e desenvolvimento sustentável. Questionar o planejamento centrado em mega projetos que muitas vezes prejudicam seriamente mananciais, deslocam famílias e ameaçam a biodiversidade.
Também a vigilância e proteção contra o desmatamento, a pirataria contra espécies e criaturas, praticada de forma predatória e violenta. Muito embora tenha sido freada a devastação e limitado as queimadas, o avanço por vezes desmedido do mercantilismo agrícola e madereiro, põe em risco o equilíbrio e a harmonia dos eco sistemas.
Mas a preocupação cristã não se restringe ao ambiente e a economia da região, também é vital superar a pobreza, a prostituição e o turismo sexual infantil, a saúde e educação que deveriam estar mais voltadas para a população local e sem dúvida a demarcação e o respeito as terras dos indígenas. Por certo que não podemos pensar em uma Amazônia isolada e descontextualizada do Brasil, este ano de eleições devemos discernir nos presidenciáveis em particular,qual o modelo de desenvolvimento que propõem: centrado apenas no mercado, na tecnocracia eficientista, ou na civilização da vida e integridade do planeta.
Isto não significa que devemos incompatibilizar o desenvolvimento e o crescimento da região ou deixá-la totalmente incomunicada, mas respeitar a lógica e harmonia da criação, das populações autóctones, e da sustentabilidade aberta as gerações futuras. Passa certamente por reinventar a matriz energética, articular bem o desenvolvimento urbano e rural, a presença de um Estado servidor e soberano, a defesa da água como bem público e o cuidado dos recursos hídricos e uma economia à serviço da comunhão e da vida. Cristo nos chama desde a Amazônia para anunciar o Evangelho da vida plena, do Reino de paz, justiça e fraternidade com todas as pessoas e criaturas. Deus seja louvado!