Cardeal Sergio da Rocha participa da 36ª Assembleia Geral Ordinária do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), que acontece de 09 a 12 de maio, em El Salvador. Junto com o presidente da CNBB também participam do encontro, dom José Belisário, como delegado da Conferência e com dom Anuar Battisti, como presidente do Departamento de Vocações e Ministérios do Celam.
O presidente da CNBB foi um dos bispos que atendeu os jornalistas na Entrevista Coletiva desta quinta-feira, 11 de maio. Neste encontro foi divulgada uma mensagem da Assembleia para America Latina e uma nota a respeito da situação vivida pela Venezuela. Na Coletiva, dom Rubén Salazar, arcebispo de Bogotá, Colômbia, leu a mensagem da Assembléia Geral Ordinária dirigida aos bispos, padres e as pessoas em geral. A mensagem refere-se às comemorações que fazem desta reunião uma experiência gratificante: o 300º aniversário do encontro da imagem de Nossa Senhora da Aparecida, no Brasil; os 175 anos de criação da Diocese de El Salvador, o 100º aniversário do nascimento de monsenhor Oscar Arnulfo Romero, os 75 anos do SEDAC e os 10 anos da Conferência de Aparecida, além dos 20 anos do Sínodo da América.
A mensagem destaca a convite do Papa Francisco “acima de tudo, de aprender e de olhar para o povo de Deus para ouvir e conhecê-lo, dando a sua importância e lugar”; Além disso, “ele nos convida a não ter medo da lama da história apenas para resgatar e renovar a esperança.” Na mensagem se destacam duas atitudes a serem cultivadas “coragem” para anunciar o Evangelho e “firmeza” para enfrentar as dificuldades.
Ainda na Coletiva, monsenhor Juan Espinoza, secretário-geral do Celam leu a declaração da Venezuela na qual a Assembleia manifesta a sua proximidade, solidariedade e apoio ao povo venezuelano. Os bispos também afirmam: “estamos mortes causa e dolorosas, violência, falta a divisão mais fundamental, violação dos direitos humanos”. A Assembléia pede soluções para a crise atual por meios constitucionais e com valores democráticos salvaguardados .
Papa Francisco
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos bispos latino-americanos para incentivá-los: “Não tenhamos medo de arriscar e nos comprometermos com os ‘sujos’… isto não é heroicidade… nem ser kamikazes… Somente deixando de ser auto-referenciais seremos capazes de nos re-centrarmos Naquele que é fonte de Vida e Plenitude”.
O texto foi lido pelo presidente do CELAM, Cardeal Rubén Salazar Gómez. O Pontífice faz uma reflexão baseada na história do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, que neste ano de 2017 completa 300 anos. Francisco recordou que a pequena imagem de apenas 36 centímetros foi encontrada há 300 anos por um grupo de pescadores que “saiu como de costume para lançar suas redes”. “Saíram para ganhar a vida e foram surpreendidos por um achado que mudou seus passos: em suas rotinas, foram encontrados por uma pequena imagem toda recoberta de lama. Era Nossa Senhora da Conceição”, que logo seria conhecida como Nossa Senhora Aparecida.
“Nossa Senhora Aparecida nos faz crescer, nos submerge em um caminho discipular. Aparecida é toda ela uma escola de discipulado. E, sobre isso, gostaria de destacar três aspectos”, indicou o Papa. O Pontífice disse que o primeiro aspecto são os pescadores, “um grupo de homens que sabiam enfrentar as incertezas do rio, que viviam na insegurança de não ter o que levar para seus filhos”, mas acostumados “a enfrentar inclemências com a coragem e certa santa “teimosia” de quem, dia a dia, não deixa – porque não podem – de lançar as redes”.
O segundo aspecto é a Mãe, indicou o Papa. Maria conhece a vida de seus filhos e “vai onde não a esperam”. “No relato de Aparecida, a encontramos suja de lama no rio. Ali ela esperava seus filhos, em meio a suas lutas e anseios. Não tem medo de se submergir com eles nas vicissitudes da história e, se necessário, sujar-se para renovar a esperança. Maria estava ali, onde os pescadores lançam suas redes, onde esses homens tentam ganhar suas vidas. Ali ela está”, afirmou.
Finalmente, vem o encontro, assinalou Francisco. “As redes não se encheram de peixes, mas de uma presença que lhes preencheu a vida e lhes deu a certeza de que em suas tentativas, em suas lutas, não estavam sozinhos. Era o encontro desses homens com Maria”, indicou. O Papa explicou que em Aparecida está a “dinâmica do Povo crente que se confessa pecador e salvo, um povo corajoso e teimoso, consciente de que suas redes, sua vida, estão cheias de uma presença que o anima a não perder a esperança”. “Tudo isso nos apresenta um belo ícone que a nós, pastores, nos convida a contemplar”, exortou o Pontífice.