Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A frase que indica o título de nossa reflexão é o lema da campanha 2023, do dia de prevenção mundial ao suicidio, cuja data é o 10 de setembro. Esta campanha consegue ser o maior evento antiestigma que mobiliza a opinião pública buscando evitar esta conduta autodestrutiva que ceifa no Brasil especialmente os jovens.
São convocadas a unir-se a este momento de sensibilização e conscientização todas as entidades da saúde pública e particulares, e a sociedade civil como um todo, desde a academia, escolas, Igrejas, famílias e as diversas associações e grupos de serviço. É importante ajudar identificando os sinais que indicam possíveis desequilíbrios que levem a dessistência da vida.
É crucial compreender que com a pandemia houve um crescimento de mais do 25% das doenças mentais e que os quadros de depressão, angústia e ansiedade tem atingindo a muitas pessoas de diversas idades e situações. Além disso a dependência química em suas modalidades sociais e outras mais graves e transgressoras aumentam o risco da busca de por fim a vida.
A crise afetiva, de relacionamentos e a solidão urbana, o desemprego e as dívidas financeiras podem também contribuir a esta soma de fatores. A atitude diante deste fenômeno que nos desafia e interpela deve ser sempre uma maior compreensão, empatia e presença amiga e solidária, dando suporte as famílias que lidam com pessoas que apresentam sinais de alerta e sintomas de perda da vontade de viver.
Escutar narrativas, facilitar a resignificação dos momentos de crise, apontando sempre saídas e o valor e beleza da vida, são procedimentos que abrem horizontes para aquelas situações sufocantes. Por isso as Igrejas e religiões podem em muito contribuir para a leitura de sinais ameaçadores de risco potencial e a sua transformação a partir da visão e experiência da bondade,misericórdia e ternura divinas e os meios de aceder a ela, vida comunitária, sacramental e espiritual, que nos comunicam a própria graça e vida sobrenaturais.
Não vamos esquecer estes irmãos e irmãs aflitos/as e sofredores, pois o amor de Cristo nos impele a dar-lhes nossa acolhida, amparo e socorro antes que seja tarde. Deus seja louvado !