Reunião do Conselho Permanente tem início na manhã desta quarta-feira: confira os principais temas abordados

A reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teve início na manhã desta quarta-feira, 22 de junho, com diversos temas para serem abordados. Um dos primeiros assuntos da pauta foi a análise de conjuntura social, que abordou a questão da economia do Brasil. Os bispos também acompanharam a apresentação da análise de conjuntura eclesial, sobre “Pentecostalismo e Evangelização”. Também trataram da formulação do calendário de reuniões para 2023 e refletiram sobre a questão da paz, diante de vários focos de guerra pelo mundo.

Economia estagnada

No início do encontro, a análise de conjuntura social tratou do tema da economia a partir do seguinte questionamento: “Por que a economia brasileira está estagnada, apesar de nossas imensas potencialidades?”.

Reconhecido como país da abundância, o Brasil oferece um cenário de “extrema escassez” para a vida da imensa maioria das pessoas, “marcada por desemprego, fome, juros elevados, inflação alta e falta de atendimento aos direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição Federal”.

O problema, de acordo com a análise, está na distribuição dos recursos. Com a contribuição de economistas ligados a Pontifícias Universidades Católicas do Brasil, o Grupo de Análise de Conjuntura Padre Thierry Linard apontou para compreensão do cenário os eixos que sustentam o modelo econômico brasileiro: modelo tributário regressivo, no qual os pobres pagam proporcionalmente mais tributos; o sistema da dívida, que transfere recursos públicos para bancos e aplicadores do mercado financeiro em detrimento dos investimentos importantes para a sociedade; a política monetária, com juros altos e mecanismos nocivos; e a exploração de recursos naturais voltada para a exportação de commodities, com lucros extraordinários para as grandes corporações transnacionais.

A atuação articulada desses quatro eixos estruturantes provoca o resultado esperado: PIB fica estagnado; dívida pública explode; direitos sociais são suprimidos; pobreza e desigualdade social aumentam; danos ambientais se agravam. 

A análise apontou alterações necessárias do eixo econômico que podem “tirar o Brasil do cenário inaceitável”.

“É necessário tirar o Brasil do inaceitável cenário de escassez e descaso para com o meio ambiente, para que a realidade de abundância que de fato existe em nosso país esteja presente na vida de todas as pessoas, com respeito à natureza”, destacou dom Francisco Lima, bispo de Carolina (MA). Ele também lamentou que “o olhar da economia é para o negócio, não para o povo”.

Para o arcebispo de Cuiabá (MT) e segundo vice-presidente da CNBB, a situação do Brasil “é indigesta, causa de fome e mata”.

As sugestões da análise serão apresentadas aos candidatos à Presidência da República que solicitarem audiência com a CNBB, que também prevê abordar com candidatos a Economia de Francisco e Clara.

Confira o texto na íntegra:
📄 POR QUE A ECONOMIA BRASILEIRA ESTÁ ESTAGNADA, APESAR DE NOSSAS IMENSAS POTENCIALIDADES? 

 

Pentecostalismo e evangelização

A análise de conjuntura eclesial, conduzida pelo Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (INAPAZ), tratou sobre Pentecostalismo e Evangelização.

Padre Geraldo Demori, da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), expôs aos bispos a classificação, as manifestações históricas e o status quo do diálogo ecumênico com as igrejas e expressões pentecostais. Também foi abordada a evolução da presença Pentecostal no Brasil, suas características, pontos positivos e negativos.

Ao final da apresentação, ele recordou apontamentos de dom Francisco Biasin, quando foi presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da CNBB. Na ocasião, ele sugeriu: agilizar a solicitude pastoral; fomentar pequenas comunidades e lideranças leigas; investir na catequese e na formação bíblica; cultivar a espiritualidade e discernir a dimensão carismática da Igreja.

O bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Geovani Pereira de Melo, comentou que está articulado um Grupo de trabalho sobre as expressões carismáticas católicas. O grupo tem participação de representantes da Renovação Carismática Católica (RCC) e do Serviço Internacional de Comunhão (Charis), por exemplo, e tem avançado em reflexões sobre as expressões carismáticas na Igreja Católica.

A reflexão dos bispos deve considerar, de acordo com o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, “o desafio da pluralidade” e a integração. Também deve ser levada em conta a reconfiguração da territorialidade com a relação dos fiéis com as expressões que vão além dos limites paroquiais e até diocesanos.

 

Os bispos também abordaram os formatos dos encontros em 2023, refletiram sobre a necessidade de oferecer uma mensagem pela paz e referendaram os nomes dos eleitos para a nova diretoria da Comissão Nacional dos Presbíteros. O encontro será retomado no início da tarde desta quarta-feira e segue até amanhã.

 

Conselho Permanente

Constituído pela Presidência da CNBB, pelos Presidentes das Comissões Episcopais Pastorais (CONSEP) e os Membros Eleitos dos Conselhos Episcopais Regionais (CONSER), o Conselho Permanente da CNBB é o órgão de orientação e acompanhamento da atuação da Conferência e dos organismos a ela vinculados, bem como órgão eletivo e deliberativo.

 

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