Regional Noroeste realiza 9ª Assembleia Geral

Ao final do encontro, foi divulgada uma carta sobre a violência no campo e na cidade

Os bispos das dioceses de Rondônia, Acre e sul do Amazonas participaram, junto com coordenadores diocesanos de pastoral, articuladores regionais das Comissões Episcopais de Pastoral e convidados, da 9ª Assembleia Geral do Regional Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro, realizado entre os dias 16 e 18 de outubro, em Porto Velho (RO), foi um momento de formação, avaliação e estudo.

Na programação do evento, houve reflexão sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE 2015-2019), partilha de experiências das pastorais, palestra conduzida pelo bispo de Guajará-Mirim (RO), dom Benedito Araújo, e debates em grupos sobre o Ano da Misericórdia.

A articulação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) também foi abordada. As explicações sobre o trabalho deste novo organismo da Igreja foram conduzidas pela assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia, irmã Maria Irene Lopes dos Santos. 

O bispo de Cruzeiro do Sul (AC), dom Mosé João Pontelo, falou sobre o Ano do Laicato, que acontecerá no regional.

Carta

Ao final da assembleia, foi aprovada uma carta do regional. O texto aborda a preocupação de bispos, leigos e leigas, religiosos e religiosas e organismos com a situação de violência no campo e na cidade. “Manifestamos nossa preocupação e indignação, diante de uma corrupção institucionalizada que faz perder os referenciais da justiça e o verdadeiro exercício do poder e muitos focos de violência e impunidade instalam-se tanto no campo como na cidade, e que vitimizam os mais pobres e enfraquecidos”, diz o texto.

A carta recorda, ainda, o Ano da Paz que, durante a Assembleia, foi comemorado com uma celebração da Luz, na paróquia Nossa Senhora de Fátima, sede do evento. 

Confira o texto na íntegra.

 

CARTA DO REGIONAL NOROESTE DIANTE DA VIOLÊNCIA NO CAMPO E NA CIDADE 

 

“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, 
que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores 
coloridas e verduras” (Cântico das criaturas de São Francisco de Assis).

 

Reunidos na 9ª Assembleia Geral do Regional Noroeste da CNBB, de 16 a 18 de outubro de 2015, em Porto Velho RO, nós, bispos, leigos/as, religiosos/as e organismos do Regional, dirigimos esta mensagem de preocupação e de esperança a todo o Povo de Deus que está presente nas Dioceses de Rondônia, Acre e Sul do Amazonas.

Manifestamos nossa preocupação e indignação, diante de uma corrupção institucionalizada que faz perder os referenciais da justiça e o verdadeiro exercício do poder e muitos focos de violência e impunidade instalam-se tanto no campo como na cidade, e que vitimizam os mais pobres e enfraquecidos.

Repudiamos a impunidade e a cultura da violência com a população de forma geral e a que se instala nos Presídios, nas Casas de Detenção e nas Unidades de Internação ao Adolescente.

E, nesse contexto, não podemos esquecer em mencionar as ameaças de violência à população do campo e aos agentes da Comissão Pastoral da Terra – CPT, aos indígenas e aos indigenistas e seus respectivos órgãos, como o Conselho Indigenista Missionário – CIMI, às organizações dos povos indígenas da Amazônia e outras entidades comprometidas com a dignidade, a paz e a justiça.

Procuramos em muitos momentos buscar as razões para compreender esse contexto em que as políticas não estão comprometidas com o bem-estar da população menos favorecida. A vida é um dom a ser vivido como único e o ambiente compreendido como nossa ¨casa comum¨ (Campanha da Fraternidade Ecumênica/2016), são valores que precisam ser defendidos por todos.

Diante dessa realidade, afirmamos com o Papa Francisco: “os ídolos do domínio e do poder deterioram as relações, arruínam a harmonia a ser construída com humildade serviçal e disposição maternal. Os conflitos, a violência, a indiferença diante da morte, nascem do fascínio do domínio e do poder” (cf. Papa Francisco, Vigília de Oração pela Paz, 07∕09/14).

Ainda em tempo dentro do Ano da Paz que não se encerra no dia 25 de dezembro, mas deve abrir fendas na onda de violência que se manifesta na morte de tantas pessoas, nos lares em conflito, na corrupção, na agressividade do trânsito, na impossibilidade de diálogo nas diferenças, até mesmo religiosas.

“É possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Sim, é possível para todos!” (Papa Francisco, Vigília de oração pela paz, 07∕09/14).

Nosso grito de indignação quer chegara todos os recantos de nossas comunidades e dioceses para que juntos possamos garantir que todos tenham vida e vida em abundância (cf.Jo,10,10).

 

Porto Velho, 18 de outubro de 2015.

Dia Mundial das Missões!

 

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