Obra indicada:

MORESCHINI C., & NORELLI E., Manual de Literatura Cristã Antiga Grega e Latina, Ed. Santuário, Aparecida 2005, 718 pp.

 

Autor (breve apresentação) :

Cláudio Moreschini é Professor de Literatura Latina na Universidade de Pisa. Tem colaborado na publicação de edições críticas para “Sources Chrétiennes” e para o “Corpus Christianorum. Tem realizado traduções de grandes nomes do cristianismo antigo como Tertuliano, Gregório Nazianzeno e Gregório de Nissa. É membro do comitê científico do “Centro di Ricerche di Metafisica” da Universidade Católica de Milão.

Henrique Norelli é Professor de Literatura Apócrifa na Faculdade de Teologia da Universidade de Genebra. Além de numerosos estudos publicados sobre a literatura cristã dos primeiros séculos, tem colaborado na publicação de traduções para o “Corpus Christianorum”. É organizador da coletânea “La Bibbia Nell’Antichità” e co-editor da coleção “Poches Apocryphes”, da Brepols.

Sinopse:

O Manual de Literatura Cristã Antiga Grega e Latina apresenta uma síntese da grande obra de Cláudio Moreschini e Henrique Norelli, História da Literaturacristãantiga grega e latina, já publicada na Itália, com dois volumes, em 1995-1996. De maneira bastante abrangente, os autores passam em resenha o amplo acervo da Literatura Cristã Antiga, tanto de tradição grega quanto latina. Seu grande mérito consiste em manter-se no seu propósito inspirador: oferecer um trabalho no âmbito da Literatura Cristã, sem incidir no equívoco de elaborar mais um manual de Patrística ou Patrologia. Fiéis a esse propósito, os autores movem-se com desenvoltura e competência no enfoque exclusivamente literário que procuram dar aos textos. Deve-se igualmente realçar o caráter cristão desse material escolhido, o que nem sempre poderia parecer tão claro num período limítrofe, quando cristãos e pagãos produzem concomitante e amplamente. Aqui é importante ressaltar dois critérios norteadores de todo o trabalho: primeiro, a seleção do que realmente deva ser considerado como literatura cristã, e são os próprios autores a elucidar a questão: “o que caracteriza a literatura cristã enquanto tal é a referência a uma tradição religiosa orientada para a figura de Jesus de Nazaré, chamado o Cristo”. Isso pode se dar direta ou indiretamente no enfoque à sua pessoa, de sua doutrina, da comunidade de seus seguidores. Segundo, o manual abrange esse citado período limítrofe, ou seja, do século I ao século VI. A partir de então, esclarecem os autores, a literatura, dado o incontestável triunfo do cristianismo, passa a ser e deve ser cristã. É exatamente nesse ponto que o manual encerra-se. Portanto, há como que uma opção de fundo, visando destacar uma literatura cristã, distinguindo-a de uma não-cristã, pagã, ambas caminhando lado a lado. Essa relevância torna-se tanto mais interessante a partir do momento em que se tem presente que os autores da literatura cristã antiga tinham como mestres autores renomados da literatura pagã. Consequentemente não se pode pretender na literatura cristã demasiada isenção de elementos integrantes de uma obra literária geral como gênero, estilo etc.

Partes principais da obra:

Os seis séculos de produção literária cristã são percorridos sistematicamente. A obra é exaustivamente dividida em 40 partes distintas. Agrupadas em temas, ora destaca-se o caráter estritamente literário e encontram-se, por exemplo, capítulos dedicados à poesia cristã, à ciência e à filologia bíblicas. (Aliás, não se deve considerar como parte principal da obra, mas merece destaque a relevância dada aos textos do Novo Testamento. Eles aparecem agrupados em gêneros e autores: corpus paulino, corpus joanino, cartas, tratados em formas de carta, apocalipses, apócrifos de alguns desses gêneros.) Às vezes o que voga é a linha de pensamento. É quando se encontram autores de grande vulto quais Orígenes, Agostinho, ou grupo deles como os Padres Capadócios. Ora, enfoca-se o caráter polêmico de determinada literatura, como a controvérsia ariana que mereceu dois capítulos distintos: um dedicado aos escritores gregos (cap. XXI), outro dedicado aos latinos (cap. XXVIII). Ora, enfim, acentua-se a referência cronológica; o manual termina, por exemplo, abordando os “Exegetas menores do século V e do século VI”. A somatória final é uma abrangência completa da literatura cristã nas suas mais diversificadas temáticas.

Por que essa obra é referencial ou relevante (justificar):

A Literatura Cristã Antiga como tal é uma disciplina que precisa ocupar o seu espaço. Circundada pela História da Igreja Antiga, pela Patrologia e pela Patrística, muitas vezes encontra-se a dificuldade de dar-lhe o devido enfoque. Se a distinção entre Patrística e Patrologia já consome as energias dos pesquisadores na elucidação e estudo do seu objeto e na elaboração dos manuais, bem maior apresenta-se a dificuldade ao se tratar da Literatura Cristã Antiga. No Brasil essa disciplina sequer existe no currículo de nossos seminários e universidades. Portanto, a tradução desse manual para o português, feita por Silvana Corbucci pode significar um marco importante para o estudo específico do cristianismo antigo entre nós. Portanto, o grande valor desta obra está na grande lacuna que ela preenche.

Responsável pelas informações (nome/ diocese ou instituição em que atua):

Pe. Edinei da Rosa Cândido – ITESC – Arquidiocese de Florianópolis, SC.

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