Padres do Ordinariado Militar do Brasil levam esperança aos abrigos no Rio Grande do Sul, onde estão milhares de desabrigados por conta das chuvas e enchentes que afetam o estado. Exército Brasileiro atua desde o dia 30 de abril no apoio à população gaúcha na Operação Taquari 2

ARTIGOS DOS BISPOS

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste domingo celebramos com alegria a solenidade de Pentecostes, quando Jesus envia o Espírito Santo prometido. O Espírito vem em um tempo e lugar preciso, cinqüenta dias após a ressurreição de Cristo, na cidade de Jerusalém, no cenáculo, onde os apóstolos estavam reunidos, tomados pelo medo. O Espírito Santo veio como um vento imprevisto, forte, que entrou num ambiente de portas fechadas e encheu a casa. Veio como línguas de fogo, sobre aqueles que seriam enviados para proclamar a nova lei do amor, que carrega consigo a força de Deus, para construir a fraternidade entre os povos de línguas e culturas diversas.

O Espírito Santo não só tirou o medo do coração dos discípulos, mas também iluminou suas mentes, para que pudessem assumir a missão para a qual o Senhor os tinha preparado, isto é, serem portadores e anunciadores da Boa Nova do Reino. É o Espírito Santo, consolador e mestre interior, quem enche a Igreja nascente, habilitando-a para a missão, e, ao mesmo tempo, tornando-a portadora e testemunha das obras de Deus.

Por isso, não devemos deixar de invocar em todos os tempos o Espírito Santo, com os seus dons, para que revigore a nossa fé, a nossa esperança e a caridade. Que possamos viver o compromisso do nosso batismo, como discípulos e discípulas, missionários e missionárias do Senhor Jesus, anunciando a todos as obras de Deus, pela palavra, pelo testemunho de vida e pelas ações, que expressam compaixão, amor e proximidade com o próximo. Na fé e no amor, em Cristo Jesus, somos todos irmãos e irmãs, independente da cor da pele do nosso corpo, da língua que usamos para nos comunicar ou da nossa cultura.

Jesus é o consolador, o redentor e o salvador. O Espírito Santo continuará a sua missão e permanecerá para sempre em quem o acolhe. Ele nos dá resistência, coragem, consolação e capacidade de irmos em frente, mesmo quando as adversidades da vida batem à porta do nosso coração. Vem, Espírito Santo, ilumina com os teus dons a vida pessoal, familiar e comunitária do povo de Deus, que na nossa realidade está sendo tão provado neste momento da história, pela tragédia das enchentes.

Em uma de suas meditações, o Papa Francisco mencionava que é preciso sermos fiéis ao Espírito, “para anunciarmos Jesus com nossa vida, com o nosso testemunho e com as nossas palavras… Quando fazemos isso, a Igreja se torna uma mãe que gera filhos”. A maternidade da Igreja deve revelar aos seus filhos o rosto da ternura e da misericórdia de Deus, através do amor que se faz doação, para com os que buscam esperança e consolo, nas alegrias, provações e incertezas da vida.

 

Dom Guilherme Werlang
Bispo de Lages (SC)

 

Pentecostes e a Casa Comum: Invocando o Espírito Santo para a o futuro do planeta

Estamos na antevéspera de Pentecostes. Existem muitas orações que dirigimos ao Divino Espírito Santo. Creio que, diante de tantas tragédias que afligem e atingem a humanidade e nosso planeta Terra, além dos Sete Dons, temos que pedir, como diz uma das orações, “Renovai a face da terra”.

Claro que “renovar a face da terra” deve ser realizado por nós, humanos, acolhendo o dom da sabedoria, da inteligência, do discernimento, do entendimento, da prudência e da coragem para um Novo Agir. As mudanças climáticas, que podem, em parte, ser naturais, têm grande participação da ação humana, que não ouve o clamor e o grito da Mãe Terra há tantos séculos.

Divino Espírito Santo, esclarecei as mentes dos governantes, esclarecei as mentes dos “construtores”, dos “plantadores”, dos responsáveis por elaborar Planos Diretores de cidades e Planos Inteligentes de Desenvolvimento, inclusive agrícola e pecuário, e exigi o cumprimento dos mesmos.

Divino Espírito Santo, iluminai as mentes das pessoas de poder para que a Ciência, que é um dos vossos sete dons, seja mais valorizada e respeitada que o poder econômico, a avareza, a ganância, a usura e o desejo de lucro a qualquer custo e preço.

Divino Espírito Santo, dai coragem, ousadia e Entendimento para não gastar fortunas em reconstrução de cidade e bairros onde já se sabe que, em futuro próximo ou mais distante, as mesmas tragédias poderão voltar a acontecer. Com sabedoria, reconstruir e realocar as famílias, os comércios, as igrejas, as escolas, os hospitais, enfim, tudo o que for necessário para lugares mais seguros.

Divino Espírito Santo, dai Inteligência e entendimento para que a humanidade possa devolver aos rios as margens, as planícies, os pantanais e possa devolver à Mãe Natureza o direito às matas ciliares, às encostas, às montanhas e à vegtação nativa.

Divino Espírito Santo, dai aos nossos corações e mentes a firme vontade de não repetir tantos erros já cometidos, e que não voltemos ao “normal”, mas ao totalmente novo.

Divino Espírito Santo, dai-nos a Prudência e o amor de não apontar o “dedo acusador” nem para o Pai do Céu, nem para um povo localizado, mas abri nossos olhos para compreendermos que uma Ação Local tem abrangência Universal.

Divino Espírito Santo, abri nossos olhos e mentes para compreendermos que hoje está acontecendo aqui, ontem foi lá e amanhã poderá ser acolá. Somos uma só casa comum!

Divino Espírito Santo Consolador, confortai os corações de todos os atingidos, a maioria absoluta, inocentes da atual tragédia no Rio Grande do Sul, e fazei-nos compreender que é Caridade tanto as doações de emergência, quanto é caridade e amor ainda maior deixarmo-nos guiar pela tua Luz em busca do Novo e da reconstrução. Como diz a Palavra do Pai do Céu: “vou criar um novo céu e uma nova terra”, onde já não se ouvirá choro nem luto (Isaías 65,17-25 e Ap 21).

Oração ao Espírito Santo

“Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis e
acendei neles o fogo do vosso amor.
Enviai o vosso Espírito e tudo será criado,
e renovareis a face da Terra!

Oremos:
Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo,
fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito,
e gozemos sempre de sua consolação.
Por Cristo, Senhor Nosso. Amém!”

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

Caros irmãos e irmãs. Nos últimos dias de abril e início de maio de 2024, mais uma vez, passamos por fortes angústias e sofridas incertezas, diante de uma catástrofe climática anunciada e que realmente veio nos atingir. As chuvas e temporais, fora da medida normal, com suas consequências danosas, alcançaram a todos nós, de uma ou de outra forma. Para alguns, houve vítimas fatais; para muitos, perdas irreparáveis; para todos, sofrimentos inesquecíveis. São os momentos da vida que exigem de nós respostas que, por vezes, não são fáceis de serem dadas, tanto pelos atingidos diretamente, quanto pelos que são convidados a prestar sua ajuda.

Entre outras, dentro desse contexto, duas respostas ou atitudes nos parecem urgentes: a fé e a solidariedade (caridade). Sem a fé, nos defrontamos com o limite humano e facilmente acabamos no desespero, que a impotência nos impõe diante de muitas situações da vida. A fé (oração) sempre nos possibilita a confiança em Alguém superior a nós e que nunca nos deixa sozinhos, por mais trágica que seja a realidade que vivemos. Outra resposta que nos fortalece, sobretudo nos momentos difíceis, é a experiência de não estarmos sozinhos entre nós. Neste campo, a solidariedade ou a caridade nos sustentam e nos tornam mais fortes. Sentir-se apoiado e receber ajuda dos outros faz retomar o caminho. Aqui o Papa Francisco falaria em espírito sinodal: fazer o caminho juntos, também nas tragédias.

Por isso, neste momento difícil, diante das mudanças climáticas e suas danosas consequências, nós apelamos para a fé e a solidariedade, as quais devem andar juntas, ou seja, as mesmas mãos que erguemos em oração devem ser as que estendemos para os lados, para os irmãos e irmãs que sofrem. Sim, é tempo de oração e de caridade. Vamos ajudar os que mais precisam para que tenham a força necessária de retomar o caminho, talvez começando tudo de novo, mas sempre contando com a força do Alto e com nossa presença fraterna.

As duas atitudes, acima mencionadas, certamente contribuirão decididamente para uma terceira, sobretudo em relação aos que mais sofrem: a esperança. Assim vemos que fé, esperança e caridade andam juntas; são a base de nossa vida cristã, são inerentes ao ser cristão. Uma fé verdadeira conduz para o maior mandamento que Jesus nos deixou: o amor, a caridade, a solidariedade. E isso dará esperança para seguir no caminho da vida, sobretudo para os que mais sofrem, como no caso de tantos irmãos e irmãs do nosso Estado, de nossa diocese, de nossas paróquias e comunidades, de nossas famílias, que foram atingidos pelas enchentes ou pelos deslizamentos de terra, pela destruição, pelos isolamentos, por perdas irreparáveis ou até pela morte.

Portanto, esperançar é preciso! Faça cada um a sua parte, segundo suas possibilidades, na sua realidade de vida, e isso é fazer tudo, dentro de nossos limites humanos, ou como escrevia alguém nas nossas redes sociais: “Mais do que nunca, devemos ser Peregrinos da Esperança para todo esse povo que sofre com as catástrofes da natureza, unindo forças, cada um com o que pode oferecer, seja com orações, seja com força braçal, seja com recursos; juntos vamos superar”.

Que Deus abençoe a todos os atingidos e os que são solidários, dando esperança para recomeçar juntos, em espírito sinodal, diria mais uma vez nosso querido Papa Francisco, que também se juntou conosco, nas fileiras da solidariedade, com sua oração, suas palavras de consolo e sua contribuição financeira, em nome de toda Igreja. Unidos sempre seremos mais fortes!

 

 

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